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Vergonha goiana

Eu sou apaixonado por Goiás, tenho orgulho de ser um homem do cerrado e as coisas da terrinha tocam fundo no meu coração. Considero o pequi uma iguaria que não se encontra em nenhum lugar do mundo, e ninguém faz uma pamonha com o tempero dos solos de Cora Coralina, a maior poetisa de todos os tempos. Por esses, e muitos outros detalhes importantes, é que procuro enaltecer minha terra. Tenho satisfação de ser amigo do cantor Marcelo Barra, símbolo gratificante dos que defendem as belezas do quadrilátero das árvores tortas.

Ataca-me um desgosto ímpar ver Goiás protagonizar atitudes que envergonham nosso povo. Recentemente, a cena da servidora fantasma saindo em disparada, perseguida como um batedor de carteiras por uma intrépida jornalista que desistiu da caçada, foi de entristecer.

Aliás, que as emissoras nacionais, em particular a poderosa Rede Globo, só mantém interesse em bombástica divulgação envolvendo nosso Estado, quando o assunto ridiculariza, demonstra caos social ou se atrela a violência. Muito raro, uma matéria positiva local é divulgada nacionalmente. Faz parte. É o mundo cão do jornalismo negativo à procura de ibope.

O que nos interessa não é criticar a imprensa pela síndrome do negativismo, apesar de que seria ótimo um equilíbrio entre más notícias e informações positivas. O mais importante é agir para evitar ações que nos envergonham. Que tal uma cruzada de bons exemplos?

Vamos dar uma lição ao País. Eliminando completamente funcionários que não trabalham, fiscalizando rigorosamente as contas públicas, abolindo benesses, sinecuras e penduricalhos que aproveitam brechas na lei para sangrar os cofres públicos. Chega de atos que são legais mas não são éticos.

Como diria Nelson Rodrigues: “se malandro soubesse o tanto que é bom ser honesto, seria honesto por malandragem.” Imagine passar a imagem, e isso ser fato comprovado na prática, de que somos um Estado diferente. Uma terra hospitaleira que age estritamente dentro de princípios corretos. Isso, certamente atrairia empresas, profissionais liberais e empreendedores de todos os naipes. Existe uma fabulosa demanda por um lugar confiável.

A recente vergonha podia servir para alguma coisa. Que tal acabar, através de leis inteligentes, com os famosos redutos do “robauto”, impedir construções que destroem a qualidade de vida, instituir tolerância zero no desrespeito ao silêncio, punir pessoas que sujam as cidades. Simplificando, promover um mutirão da legalidade. Urge uma aliança suprapartidária entre legislativo, executivo e judiciário, capaz de corrigir todos os vícios improdutivos.

Se isso não for realizado, vamos apenas atuar em situações pontuais, logo esquecidas por outro escândalo que atordoa, e Goiás ficará com o estigma de terra sem lei e sem controle. Algo que as famílias não merecem. Ou será que merecemos?

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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