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Tributo ao Chef Tony

Profissional com formação acadêmica invejável, respeitado professor na Universidade Católica de Goiás (PUC), o amigo Tony (Antônio Martins Costa Neto)  alimentava um prazer no mais alto grau possível, desenvolvendo delícias gastronômicas saudáveis. Seu envolvimento com a cozinha de alto nível era tão gratificante, que raramente separava-se de seus gorros de chefe estilizados com a marca da República da Saúde, restaurante que ele criou e cujos pratos são elaborados apenas com azeite de oliva virgem, nada de óleo. Faleceu no sábado, dia 25 de setembro, e foi enterrado com dois de seus  barretes preferidos: um azul outro branco.

Homem de convicções pessoais fortes, intensificadas por uma atuação social ética e responsável, não era de recuar facilmente. Alto e forte como um touro, não era do tipo que alguém topava encarar na base da grosseria. No entanto, sabia convencer os interlocutores com o sorriso generoso, um senso de humor fantástico e argumentos sólidos como uma muralha de pedras.

Tinha todos os motivos, e alardeava isso aos quatro ventos, para ser pleno e feliz. Alguns de seus prazeres mais expressivos eram facilmente percebidos. A admiração pela esposa, a respeitada psicóloga Virginia Suassuna, era de tal magnitude que, ao falar dela, seus olhos brilhavam, sua fisionomia ficava iluminada como um garoto que conseguiu o primeiro beijo de paixão. Era mais do que amor, era uma admiração de fã, uma gratidão de companheiro, na certeza de que foi abençoado pela união perfeita.

         Os filhos, que realmente seguiram a tradição de caráter do pai, se dependesse dele  teriam sido canonizados. Em décadas de conversa franca e amizade confiável, me dizia que havia ganhado na loteria, sentindo-se um milionário, pela qualificação dos três filhos que Deus lhe confiou: Danilo, Mateus e Lívia Suassuna.

            Outro motivo de alegria era jogar futebol e torcer pelo Goiás e pelo Corinthians. Afirmava que iria morrer jogando bola. Foi atendido, visto que faleceu no gramado vitima de um ataque cardíaco e terminou sendo enterrado com as bandeiras dos times de seu coração.

            Um de seus deleites, tópico que o levava a gargalhadas homéricas e tiradas notáveis, era me torrar. Usando uma frase de Millôr, justificava as surras que me dava no ar com o seguinte argumento: A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.

            Levava sua “guerra” comigo tão a sério que não deixava nada de graça. Sustentava que minha inveja por ele era tão grande que eu rezava a Deus pedindo uma parte de seu talento, um naco de sua competência e pelo menos um terço de sua beleza. Um dia afiançou que, se existisse uma espécie de máquina para medir a cobiça, eu quebraria a engenhoca se fosse testado para avaliar meu desejo de ser como ele.

            Companheiro de jornada e de azedume com os erros dos corruptos, era de fato um ser humano admirável. Desses raros que contribuem para um mundo melhor. Dizer que fará uma bruta falta aos que tiveram o prazer de desfrutar de sua companhia e aprender a amá-lo, é muito pouco. Para ser fiel ao sarcasmo que fazia seu gênero, posso dizer finalmente que só não tive inveja quando faleceu antes de mim. Tá bem… já sei o que ele está dizendo. “Não, Rose?! Vai me convencer que, sob a batuta da Dilma e cia Ltda., você está num lugar melhor do que eu? Está brincando seu idiota de Rio Verde, vai ler e aprender mais um pouco.” Tchau, Tony. A gente se vê mais tarde, fique com Deus…

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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