Os números da mais recente orgia com dinheiro público são chocantes. A corrupção atingiu patamares que somam bilhões de reais sendo que os protagonistas mostraram um cinismo que causa revolta nos trabalhadores que suportam a mais alta carga tributária do planeta, de longe a mais injusta e mal aplicada. O pior é que ainda existem cidadãos, teoricamente conscientes, do mal que as falcatruas causam ao País, capazes de defender envolvidos neste lamaçal interminável.
O caso compreendendo o impagável José Dirceu, por ser o mais emblemático, é um exemplo de que a putrefação de valores está corroendo o senso ético até das elites pensantes, outrora exigentes em tópicos que incluíam o dinheiro do contribuinte. O grupelho de intelectuais que ainda defende o ex-todo-poderoso ministro afrolusotupiniquim, afirmou num protesto que ele devia ser preservado porque tem uma história de lutas. E dai cara-pálida? É de se dizer, vai trabalhar vagabundo.
Pouco me importa se Zé foi capaz, no passado, de salvar Madre Tereza, recuperar o manto do Papa ou plantar as sementes que deram origem ao Partido dos Trabalhadores. Quer dizer que uma vida de bons propósitos oferece carta de alforria para o sujeito depois roubar o que bem entende? É assim que funciona? Que tipo de raciocínio calhorda é esse? Evidente que é necessário reconhecer, e colocar essa perspectiva como atenuante, os bons serviços de qualquer cidadão, mas não ao ponto de oferecer a ele carta branca ou imunidade para cometer crimes contra a sociedade.
Aos que preservam, por má fé, interesses escusos ou uma aguda síndrome de Alice, a ingênua fé de que Dirceu está sendo vítima de um complô das elites, basta mostrar os números e apelar ao bom senso rudimentar. Nenhum sujeito com os dotes de José, que mal atuou na área de direito, teria condições de justificar milhões de reais em honorários não fossem suas ações no sub-mundo da corrupção. Está muito claro.
Causa nojo ver a defesa pífia de algo indefensável. Um jornalista da lavra que atua na esquerda raivosa, impregnado com a teoria de que os fins justificam os meios, chegou a escrever que a prova de idoneidade de Dirceu estava no fato de que ele não fugiu do País. Não o fez porque estava sendo vigiado e moendo prisão domiciliar. Só isso. Sempre é bom lembrar, principalmente aos eternos criminosos do colarinho branco que procuram desmoralizar a justiça quando ela age em defesa do povo, que a Operação Lava Jato não tem foco ideológico. Tanto que colocou atrás das grades um ícone da esquerda e um Almirante que certamente representa a direita. Que, no final, todos os envolvidos façam uma farra na cadeia. Eles merecem.
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