“Esse modelo (político) do toma lá da cá se esgotou. O partido que não estiver sintonizado com que a sociedade espera vai virar um dinossauro e perecer.” Por mais absurdo que pareça, a análise é de um dos mais expressivos caciques do PMDB, Senador Romero Jucá, numa semana de glória pessoal, considerando que protagonizou um casamento de arromba e apareceu nas páginas amarelas da Veja em longa entrevista, assoviando declarações como se o partido não tivesse nada a ver com as peripécias do governo petista. A falta de sintonia, ou a cara de pau, do eterno líder de quem está no governo – ele ocupou o cargo na época de Fernando Henrique, Lula e Dilma – é de doer. Em plena crise, enquanto milhões de brasileiros mal podem garantir o cafezinho matinal, ele esbanjou uma festa com luxo e ostentação. No regabofe, as mais altas personalidades politicas do País com exceção da presidente, que foge de aglomerações para evitar vaias, os convidados vip degustaram camarões ao champanhe e uvas thompson, filé ao molho de vinho, risotto de queijo Gruyère, ravioli de burrata e limão siciliano e vinhos especiais, numa decoração digna dos imperadores. Tudo bem se ele não estivesse sendo acusado de desvio de verbas, compra de votos, uso de funcionários públicos em campanha eleitoral, abuso de poder econômico e, pasmem, sendo investigado por corrupção na operação lava jato. Esse é o cidadão que, em nome do PMDB, abomina práticas de uma política ultrapassada, fala em ética e correção de rumos, afirmando que o mandato Dilma erra o eixo oferecendo ministérios como forma de barganha. Tenha dó, cara pálida. Vai ser hipócrita assim em outra freguesia. Na maior pompa, e sem corar, Jucá ainda acrescenta que “ O PMDB não pode ser sócio dos erros do governo porque a concepção desses erros não foi dele” Não? Tais brincando! O maior avalista do lulopetismo, quando afiançar o PT era cômodo e gratificante, foi o PMDB. Aprovou, participou de todas as etapas, firmou resoluções, serviu de pilastra de sustentação em todos os momentos e, agora, finge que não tem Acerta quando, na entrevista, diz que “nessa reforma ministerial, o governo distribuiu camarotes no titanic em vez de mudar o rumo do navio. Só que, quando o navio afundar, vão todos pular do barco.” Esqueceu de concluir que os ratos são os primeiros a abandonar a embarcação. Como são bem criadas, e até aprenderam a nadar de costas, as ratazanas do PMDB deixam para escapar depois de saquear a dispensa devorando todos os queijos e vinhos disponíveis. Por mais que a responsabilidade fundamental seja do PT, não dá para ignorar a participação do PMDB que permitiu, por má fé, oportunismo, ganância e irresponsabilidade, que os destinos da nação fossem corrompidos, chegando ao estágio atual. Dando continuidade a uma análise correta, mas fingindo ser apenas um espectador no teatro em que estrelou como ator principal, o Senador ainda acrescenta que o “desafio, até 2018, é recuperar a credibilidade política, a segurança jurídica, e a previsibilidade da economia. Para fazer essa transição vamos ter de remar muito para voltar aos que éramos alguns anos atrás.” Tá certo. Mas não tenho dúvidas que somos nós, os trabalhadores indefesos, que vamos adquirir calos nas mãos remando contra a maré. Os barões da politiquice vão esperar na praia, com direito a champanhe e canapés. De preferência numa redoma com ar condicionado.
Quem vai remar?
07/10/2015
14 Visualizações
4 Minutos de Leitura
Veja também
Rosenwal Ferreira
Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.
Deixe seu Comentário