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Sandes Júnior e o estranho contrato com o coveiro

 

 

É sempre bom lembrar que o Deputado Sandes Júnior não deve ser avaliado sob a ótica de seu programa de rádio de grande sucesso, com grande massa de ouvintes, que tem ares de um dramalhão mexicano. Com uma primorosa técnica de comunicação, e com o chapéu de radialista, Sandes é capaz de levar o povão ora a delírios de alegria ora a chorar de compaixão com histórias sofridas, nos enredos que ele consegue colaborar para um desfecho feliz.

Sandes vai além desse contexto. Ele é um profissional culto, com dois cursos universitários de boa lavra (Administração e Direito), tendo se formado entre os alunos que se destacaram por esforço nos trilhos da vida acadêmica. Ninguém pode afirmar que é ingênuo ou mal informado. Sendo assim, é no mínimo estranho que ele seja o coveiro da própria sepultura política.

Além de não entender o recado das urnas no momento em que não foi reeleito, conta voltar ao congresso via suplência, traindo os esforços da oposição, e dos brasileiros lúcidos que entendem a gravidade da manobra, votando a favor do projeto que altera a lei das diretrizes orçamentárias (LDO) e flexibiliza o ajuste fiscal. A iniciativa é tão indecente que constrangeu até congressistas da base aliada. É uma maquiagem desonesta e com efeitos nocivos em cascata. Um verdadeiro retrocesso no equilíbrio fiscal e nas contas da administração pública.

A esperteza era tão crucial ao Governo Dilma, que ela não teve dúvidas em condicionar os votos a uma liberação de emendas parlamentares que supera 700 milhões de reais a cada representante. É fato que esse montante não vai para o bolso dos parlamentares. O voto de Sandes não poderia se justificar por esse ângulo. Seria excesso de mediocridade. Então, por que ocorreu? Eis o mistério.

Ele pode alegar que enxergou sérios problemas à nação se a medida não fosse ajuizada. É a tese dos governistas, que não tem sustentação na realidade e não faz sentido a um país que precisa de leis a serem respeitadas. Se existem diretrizes que podem ser mudadas quando não se cumpre, não adianta estabelecer critérios, vai prevalecer sempre os desejos de quem detém as chaves do cofre. No caso brasileiro, é o que batizo de democradura.

Pois é, o voto de Sandes Junior foi uma ação de moribundo político. O panelaço em frente a sua residência se justifica. Como amigo, lamento o constrangimento imposto ao seu núcleo familiar. Na qualidade de eleitor e contribuinte, só não marquei presença porque estava viajando.  Fiquei triste, a falta de senso dos homens bem formados, e bem informados, me assusta mais do que a cretinice dos ignorantes. Fosse ele pediria desculpas, reconhecendo o destempero. Errar é humano. Errar feio idem.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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