O jogo dos canalhas Foi o ditador Getúlio Vargas (é sempre bom lembrar que sim, ele também foi um truculento déspota) quem avaliou seus companheiros com a seguinte frase: “A metade dos meus homens de governo não é capaz de nada e a outra metade é capaz de tudo”. A avaliação é um molde perfeito para a base aliada de Dilma Rousseff. Os parceiros do poste fincado por Lula no cerrado de Brasília é um salseiro para ninguém botar defeito.
O PT, que teoricamente deveria defender com unhas e dentes a administração federal, atua na corda bamba num jogo que não faz o menor sentido. Até parece que o partido sofre de um incurável processo de bipolaridade. Gente graúda na agremiação aprova a presidente, mas desaprova suas diretrizes administrativas e econômicas. Uma bizarrice para ninguém botar defeito. É como se alguém estivesse disposto a casar desde que a união não tivesse sexo. O PMDB é a perfeição no jogo dos canalhas. Eduardo Cunha é o maestro numa orquestra em que os componentes se afinam sem nenhum escrúpulo.
Suas contas numeradas na Suíça, que muitos em Brasília sabiam existir há décadas, representam apenas a ponta do iceberg no mar de lama que se transformou o País. Ninguém pode ser tão ingênuo a ponto de acreditar que cifras que superam 20 milhões de reais, escoam num ralo que apenas o governo de Berna é capaz de descobrir e denunciar no momento oportuno. O fato é que Eduardo Cunha decidiu enfrentar a onça com vara curta. Se continuasse com uma dócil parceria, estaria com a aposentadoria garantida nos costões da Europa. Foi dar uma de valente e isso lhe custou caro.
O que fica líquido e certo é que apenas o povão, a massa sofrida de trabalhadores, que não tem escapatória nas garras do leão. Os barões do lucro fácil, que drenaram recursos da Petrobras, dos Fundos de Pensão, do BNDES, Celg e uma babel de empresas que pertencem ao contribuinte, se firmam na muralha do acordo de proteção mútua. Quando aparece um juiz com tutano moral, como o excelente Moro, disposto a mostrar que a lei vale para todos, Brasília se agita para salvar a maioria dos parceiros, mesmo que à custa de jogadas desmoralizantes. Estamos à mercê de gente ordinária que age sem limites morais. Infelizmente, não representam exceções, essa é a regra na sordidez que se transformou a política nacional.
Não se trata da prerrogativa de uma sigla ou outra, todas as agremiações estão no mesmo balaio. Falta moral, a ética foi abolida e se vangloriam os que conseguem mostrar que podem ser tubarões com dentes mais afiados. A mentira, a podridão de caráter, se transformou em vala comum. Não salva ninguém. A nação está sendo corroída por gente podre, incomodada com o próprio umbigo. Bons tempos em que podíamos vislumbrar alas que pareciam ter um norte moral.
Todos se locupletaram. Até Lula, quem diria, que durante décadas alardeou valores admiráveis, enriqueceu, transformando os filhos em súbitos milionários e se juntou aos cínicos de sempre. Nesse contexto absurdo e intolerável, fala-se em impeachment da Presidente Dilma. Para quê? Para trocar seis por meia dúzia? Botar quem no lugar? Algum dos imprestáveis que avalizaram os atos do lulopetismo em décadas de desmando? Bobagem. O que urge é passar o Brasil a limpo. Na base do faça-me o favor ou me dá licença não vai acontecer. Ir às ruas é única solução. Emparedar os desonestos até que sejam escorraçados do poder. Chega! Já foi longe demais.
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