Artigos

Que tal participar de uma suruba sem preservativo?  

           Com exceção de indivíduos dispostos a praticar roleta russa com o próprio destino, incluindo neste rol os tarados kamikazes, nenhuma pessoa de bom senso toparia o convite para se aventurar numa suruba sem o uso de preservativos. Em outros tempos, antes da sociedade tornar-se liberal criando os clubes de swing, participar de orgias não era uma atração capaz de sensibilizar casais de boa lavra social. Hoje, com a proteção adequada, o entretenimento sexual está livre para quem se cuida e estamos conversados. Em todo caso, o artifício do título acima é para chamar atenção a um outro tipo de putaria, mais absurdo e danoso do que desejos sexuais com hábitos particulares dignos de controvérsia. Estamos nos referindo a orgia que se transformou a indigna transformação de Goiânia. Fruto da ganância, como se pudéssemos, sem consequências, sair transando com “Deus e todo mundo” sem usar camisinha.

      Notem, por exemplo, como estamos destruindo o pouco que resta do cinturão verde que circunda a cidade. O processo está indo tão rápido que o caos ambiental, alertado há décadas por mim  e pelo colega Washington Novaes, já se instala no momento. Fruto da especulação imobiliária irresponsável, falta de fiscalização e egoísmo do cidadão, o fio de cerrado que ainda resta já se esgota criminosamente. Os resultados são catastróficos e sensíveis até ao olhar mais desatento. O lençol freático, antes generoso e límpido, se torna escasso e de qualidade duvidosa. As chuvas estão minguando e os ingênuos acreditam apenas nos efeitos do El Nino. Uma ova. Vivemos a era do “El culpado”, o que não se enxerga. A coisa degringola por ações cotidianas na suruba do momento.

     É só olhar em volta e ver o paliteiro de edifícios que se ergue sem a devida análise ou entrar no google analisando uma foto ampliada de nossa capital. Somos a geografia de um careca com alguns fios de cabelos a decorar o cocoruto. Em poucos meses, já não falo mais em anos ou décadas, estaremos totalmente calvos sem aglomerado algum de vegetação para amenizar o calor, equilibrar o clima e afastar e fedentina.   Culpa de quem? De todos os segmentos. Optamos pela via fácil, pelo progresso questionável, aceitamos, via conchavos na Câmara Municipal, toda sorte de indecências de gozo rápido e lucro ligeiro. Topamos bancar uma impagável dívida com o meio ambiente.

     Os medíocres encastelados na administração da cidade, no ordenamento legislativo, em simbiose com empresários que se prostituem em nome do lucro e do cidadão que aceita, e também tira proveito, da orgia urbana sem limites, se esquecem que a recuperação de rios, florestas e olhos dágua, requerem anos de investimento e nem sempre é possível recuperar os prejuízos. Alguns desses energúmenos, são os mesmo a maldizer a falta de água, a ausência de chuvas, o clima desértico, o mau cheiro e o azedume na qualidade de vida. Hipócritas, se esquecem de verificar que foram eles a assinar o aval na duplicata para destruir árvores plantando em seu lugar shopping centers, arranha céus e condomínios. Pois é.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

Deixe seu Comentário

Clique aqui para comentar

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.