Artigos

Iris não perdeu porque é velho

         Os simplistas e ingênuos se apressam em afirmar que Iris Rezende Machado perdeu o embate com Marconi Perilo vítima de sua idade. Uma análise errônea que impede um exame realista do que realmente ocorreu em mais uma derrota do PMDB. Felizmente, porque isso seria um preconceito inadmissível, o eleitor não julga os candidatos pela sua idade. Historicamente, os brasileiros elegeram figuras simbólicas que envelheceram e foram alçadas ou reconduzidas ao poder.

       O veterano Iris foi vítima de erros sucessivos, que ele mesmo avalizou, num alinhamento de falsos juízos inacreditáveis. Primeiro que exortou uma oxigenação do partido, incentivando a candidatura do companheiro Júnior do Friboi, e deu na telha de roer a corda deixando perplexos até companheiros de boa jornada. Como se não bastassem os adversários, criou um atrito nas vísceras do próprio partido.

  Logo depois, ignorando que se fechava numa candidatura do “eu sozinho”, perdeu o apoio do governo federal, sendo inábil para impedir que o PT fragmentasse as forças lançando Antônio Gomide em voo solo.

  Num erro colossal, que poderia ter sido evitado com o auxílio de um bom marqueteiro, insistiu numa linguagem ultrapassada incapaz de sensibilizar o eleitor jovem. Poderia ter unido sua experiência de orador com uma retórica adaptada ao ano de 2014. Mas insistiu em termos, vocábulos e figuras de linguagem dos bons tempos em que levou as massas ao delírio. Coisas do passado que não tem mais espaço na era do facebook e Cia ltda.

   Em plena campanha, essa foi de amargar e entra para a história como uma cretinice ímpar no marketing político, elege como bandeira principal críticas severas às aplicações de verbas de propaganda. Resultado: colocou contra sua campanha, nas ardilosas entrelinhas de centenas de emissoras, jornais e redes de TV, um poderoso bloco de mídia interessado nas verbas do governo. Queria o que? Que os empresários dos meios de comunicação fossem a seu favor? Que vestissem a carapuça aceitando que investir em divulgação é jogar dinheiro no ralo?

  Não sei o que foi pior. Deve-se ser crucificado o grupo que acreditou na eficiência dessa cretinice ou quem aceitou a estratégia sem medir as consequências. Qualquer beócio em marketing percebeu que o plano iria vazar água.

   Além desse besteirol explícito, fez um cálculo errado a respeito da situação econômica de Goiás e a paridade com a estrutura administrativa de Marconi Perilo. Ao contrário do que tentou convencer, o Estado não estava enterrado no caos, na desordem e no incêndio administrativo. Ao exagerar na dose, perdeu credibilidade nos problemas reais que sempre existem para serem corrigidos.

    Enquanto Marconi, no seu estilo clássico de ouvir profissionais e tomar medidas com a menor margem de erro possível, agiu com irretocável pragmatismo fiscalizando ele mesmo todas as etapas, Iris permitiu interferências que atiraram a esmo.

    Pesou muito o foco de revanche, de vendeta, de ranço, encarando o adversário como inimigo. Ora, sabe-se que a raiva empana a razão. Mantenho um particular respeito pela experiência de Iris. É um idoso com vasta experiência, um homem que ainda mantém admirável vigor. Seu erro foi o de não submeter-se a um novo ciclo de aprendizado.

     Se o PMDB não aprender a lição, ouvindo a nova geração de filiados em simbiose com a experiência dos mais velhos, vai se tornar apenas uma sombra do passado. É simples assim.

    Agora, se continuar a retórica do atraso, como essa de falar em caça às bruxas expulsando os infiéis, só vai piorar. O jeitão moderno é unir a patota, esquecer os empurrões, perdoar a traição e fazer um baile para juntar os cacos e seguir em frente.

@rosnewalf

www.rosenwalferreira.com.br

facebook.com/jornalistarosenwal

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

Deixe seu Comentário

Clique aqui para comentar

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.