A sabedoria oriental preconiza uma máxima interessante: “o que não tem solução, solucionado está.” Isso vale, por exemplo, para a eterna pendenga entre israelenses e palestinos, em que as partes só vislumbram acordo se um segmento deixar de existir. Nessa ótica, o atual nó que angustia a nação brasileira, acirrando os ânimos e provocando indesejáveis consequências, entra no rol dos tópicos cujo remédio é apenas conformar que, na atual conjuntura, não há saída.
De uma forma rápida, em questão de meses, o país rachou e ninguém está disposto a ceder. De um lado, o grito de brasileiros que se consideram ultrajados com o PT, inconformados com a administração de Dilma Rouseff, certos de que estamos a caminho de uma ditadura bolivariana e que não existe margem para negociação. Eles não acreditam em conciliação alguma, consideram-se traídos, juram que a esquerda não vai cumprir acordo algum e decidem ir para o “vai ou racha”.
De outro lado, outros segmentos defendem o governo, como as ONG’S, a UNE, a CUT, o MST, os petistas e similares, que estão certos de que existe um golpe em curso, que radicais de direita desejam suprimir conquistas dos trabalhadores e tomar as rédeas para servir a burguesia. Eles não confiam na oposição chamada de retrógrada e assim, completa-se o salseiro.
Criou-se um impasse de solução impossível. Ninguém topa ceder. Esperava-se que o judiciário, na liturgia e excelência da toga em tom maior, com a força moderadora do Supremo Tribunal Federal, tivesse juízo, se transformando em pilar consistente para diminuir o ritmo de insegurança.
Não é o que está acontecendo. Magistrados experientes se prestam a um jogo amador, agem na emoção e no partidarismo, jogando mais lenha numa fogueira cujas labaredas transformam a economia do país em cinzas. Não se tocam que a mixórdia já foi longe demais.
Isso com o destaque de que o legislativo, pelo absurdo do presidente do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, estarem atolados até o pescoço em acusações cabeludas, há muito não representam fiel algum de credibilidade.
Quem pode nos salvar? As forças armadas como rogam alguns? Bobagem, os generais estão calejados e sabem que se agirem serão os vilões de um desastre que não lhes pertence. A não ser que o caos se instale, vão continuar apenas lustrando os coturnos. Notem os leitores em que diabo de buraco e de atoleiro “nos enfiaram”.
Pela experiência de vida que tenho, aposto que só aparecerá uma luz depois de muito sofrimento e de penúria que afeta Deus e todo mundo. Nessa etapa, a sociedade não terá alternativa a não ser encontrar uma saída honrosa. Até lá, está tudo solucionado, porque não tem solução.
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