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O nosso muro da vergonha

Seja de material sólido ou de estruturas que surtem o mesmo efeito, são muitas as barreiras da vergonha que se erguem majestosas para separar seres humanos, castigar inocentes e garantir opressão. A edificação mais emblemática neste contexto foi o desastroso muro de Berlim que separou, durante décadas, a parte ocidental da cidade – constituída pelas zonas de ocupação americana, britânica e francesa – da parte oriental, o lado soviético. Numa hipocrisia típica dos governos comunistas, os ditadores de Moscou queriam impedir a comparação entre o ineficiente modelo da extrema esquerda e o progresso pessoal no regime capitalista. Felizmente, após muito sofrimento, o muro caiu e a Alemanha é, hoje, uma potência invejável. Tudo sob as asas da democracia e do capitalismo de oportunidades.

O Brasil, com todos os defeitos que possui, sempre teve o mérito da união nacional e do respeito entre pessoas de diferentes credos, raças e visões políticas. Infelizmente, nas últimas décadas, Lula topou uma retórica populista, desagregadora, patrocinando uma nefasta divisão entre os brasileiros. Foi ele, com sua genial intuição para sensibilizar as massas, que abusou do discurso jogando “nós” (ou seja, o PT) contra “eles” (ou seja, qualquer partido ou segmento contra o PT).

A tática foi um sucesso enquanto havia dinheiro em caixa para bancar a empreitada. Bastou um desarranjo na economia e a manobra ameaçou colocar fogo no país. Hoje, desnecessariamente, somos uma nação dividida com ódio crescente.

Para quem não possui devida sensibilidade, sendo incapaz de enxergar a guerra silenciosa que separa famílias, destrói amizades e provocam fissuras irreparáveis no frágil tecido social. Um fato consistente mostra a que ponto chegou. Em Brasília, ergue-se no quadrilátero do Congresso Nacional um muro de ferro, executado às pressas por presidiários, para separar brasileiros dispostos a matar uns aos outros.

De um lado, bandeiras vermelhas tremulam em frenesi, com gente pronta a morrer pelo governo do lulopetismo. De outro, pessoas com bandeiras e adornos verdes e amarelos, em guarda, para combater até o fim um governo que abominam. O maior perigo, o desastre já previsto, é que ambos os lados acredita ser portador da verdade absoluta.

Em realidade, a multidão enraivecida é apenas vítima de um sistema falido, incapaz de representar adequadamente os dois lados. Ninguém entendeu porque líderes umbilicais não desejam isso e que o inimigo não é o trabalhador que está sendo utilizado como massa de manobra. São os picaretas de sempre que enriquecem a custa de uma carga tributária insana e da perpetuação da malandragem no poder.

A maioria dos que se engalfinham, por ingenuidade e falta de consciência do real problema, ignoram que, hoje, apesar da existência de 35 partidos políticos registrados e cerca de meia dúzia já no forno, só existe, na prática, duas agremiações: os que estão no poder e não desejam sair e os que estão fora do poder e desejam entrar.

Para atingir o fim, os atores da farsa nacional utilizam de todos os meios. Mentiras, falsidades, enganações, traições, roubo descarado, troca de favores, assassinatos (tanto de reputações, quanto crimes que ceifam vidas) tráfico de drogas, conluios com facções criminosas e outras barbaridades.

Enquanto ações improdutivas fecundam e se perpetuam, coxinhas e mortadelas se matam para defender de uns poucos a continuar lesando a nação. Era de se esperar uma união nacional para mudar o sistema em beneficio do povão, que se engana na tática e no alvo. Assim sendo, os muros, invisíveis ou palpáveis, continuarão a ser, cada vez mais, hipocritamente necessários.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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