Artigos

O ministro defunto

        O título acima foi roubado do jornalista Reinaldo Azevedo, um profissional com tutano que provoca, ao mesmo tempo, reações de ódio e admiração. Não importa o azedume de seus críticos ou os elogios de milhões de seguidores, o que importa neste caso é o acerto do colunista ao dizer que Guido Mantega é um ministro defunto. Em quatro décadas atuando como jornalista, não registro nenhum episódio em que o chefe da economia de um país tenha permanecido no cargo meses após uma demissão anunciada.

     Em todo caso, Guido Mantega é único em diversos aspectos. Um fenômeno que o DNA da história merece investigar. Mesmo tendo errado todas, numa sucessão de enganos de causar espanto, vai continuar no cargo até o último suspiro. Ele é o homem do PIB medíocre, da inflação em descontrole, dos juros altos, de uma cotação do dólar em espasmos incontroláveis e sempre um oráculo de previsões que nunca deram certo.

   Mesmo com os números da macro economia assustando investidores, diminuindo a capacidade produtiva do país, reduzindo investimentos e corroendo o poder aquisitivo da população, manteve prestígio e certeza de permanência no cargo. O que se pode deduzir nesse visível, e sensível ao bolso do brasileiro,  contrassenso? Estaria ele chantageando o governo? Sabe demais? É uma caixa-preta com imprevisível? Não me parece provável.

    A explicação é mais simples e assustadora do que parece. A longevidade do Ministro, feito defunto na marra e na pressão, vem da realidade de que ele nunca mandou coisa alguma. É apenas  um ícone inerte, uma espécie de para-raios fincado no lugar desejado, para absorver os desatinos da própria Presidente da República. Somente ela, e mais ninguém, ordena e coordena os destinos econômicos da nação.

  Demitir Guido Mantega seria atestar a inoperância e ineficiência da própria Dilma. Não se pode expulsar um profissional que fez exatamente o que o chefe ordenou. Essa injustiça a senhora Rouseff não cometeu.

  Muito a contragosto, e apenas para atender uma situação pontual relacionada diretamente com a reeleição, Dilma transformou o Ministro num zumbi do poder. Se até agora não anunciou o substituto, é porque existem poucos, com um mínimo verniz de credibilidade, capazes de aceitar as condições impostas ao dócil Guido Mantega. O homem que finge sair de cabeça erguida, tendo sido enterrado em cova rasa. Medíocre até para dar o fora.

www.rosenwalferreira.com.br

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

Deixe seu Comentário

Clique aqui para comentar

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.