Ao ser confrontado em questões polêmicas, cujas explicações só faziam atolar problemas, o ex-deputado José Genuíno era mestre em usar uma frase de efeito que não dizia coisa alguma com ares de quem estava dando uma explicação: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, afirmava em tom solene. No caso do mensalão não deu certo, visto que ele acabou amargando alguns meses na papuda e, hoje, curte os dissabores de uma prisão domiciliar.
Existem falsos especialistas, e um caminhão de ignorantes racionais, que justificam as péssimas condições no trânsito de Goiânia, como se fosse uma consequência natural do excesso de veículos em circulação. É um raciocínio rudimentar, que não só falseia a realidade como serve de muleta à inoperância dos órgãos que deviam cuidar da questão.
É fato que a grande Goiânia ultrapassa um milhão de possantes cadastrados no Detran. Mas essa é apenas uma das dificuldades e não representa o núcleo central na solução do problema.
Notem por exemplo, como ponto de partida para entender a lógica do raciocínio, que os agentes de trânsito da capital ficaram semanas em greve. O que aconteceu? Absolutamente nada. O trânsito não melhorou nem piorou quando eles cruzaram os braços. Interessante não? Essa constatação prova o que? Que os amarelinhos, com todo o respeito que devem ter pela liturgia da função, não fazem a menor diferença.
Ao contrário de algumas capitais, com grande fluxo de veículos, não estamos realizando, com eficiência, funções primárias para agilizar o trânsito. Até hoje, fato que se verifica com facilidade, sinaleiros deixam de funcionar ou a temporização entra em desajuste, e por horas a fio ninguém se lixa. Não existe a mínima agilidade para identificar o problema e enviar soluções.
Medidas simples, como despachar agentes numa motocicleta para coordenar a bifurcação até devido reparo, raramente são orquestradas. Não existe um telefone, que atenda ao usuário e seja funcional, para que o motorista possa ligar informando sobre acidentes e outras dificuldades.
A AMT, e pode colocar o Detran no mesmo balaio, age como órgão arrecadador e não como facilitador. É um dos mais inoperantes segmentos da administração. Sequer o serviço de manutenção, faixas pintadas, reparos na sinalização e etc, é executado. Fatores que demonstram o descaso.
Estamos literalmente na UTI, o que se arrecada não é investido na forma da lei, se aceita o engarrafamento com normalidade e as modificações são realizadas sem discussão com a comunidade.
Pior ainda, as campanhas de conscientização, capazes de corrigir a falta de educação dos motoristas, são pífias e sem resultados satisfatórios. A embromação faz parte do cotidiano da capital. Impera o mais absoluto amadorismo. Tanto que só depois que centenas de pessoas recebem multas, nos pardais que impedem o cidadão de entrar na garagem, é que os engenheiros verificam e aceitam mudar a lambança.
Balela essa história de culpar apenas o grande número de automóveis. Sofremos de uma doença a ser combatida: a ausência de profissionalismo e a falta de planejamento na execução dos projetos de trânsito.
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