A ala podre do PT, essa que permitiu que José Dirceu pudesse receber milhões num sistema fraudulento, se agasta criticando o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acreditando que ele deveria conter as investigações da Polícia Federal. Ordinários na ação e nos métodos confundem alho com bugalhos, imaginando que o Governo é uma espécie de feudo particular, sujeito aos humores de quem segura, temporariamente, as rédeas do poder. Felizmente não somos, ainda, uma Venezuela. Para o azar dos corruptos, em solo brasileiro as instituições ainda funcionam com relativa independência.
Um paradoxo que impressiona o maior trunfo do Governo Dilma Rousseff é a ação da PF. Ciente de que uma interferência, que poderia e pode existir, seria um desastre maior ainda, a presidente tem conseguido manter uma fleuma republicana.
Num de seus arroubos filosóficos, Dilma afirmou ao presidente Barack Obama que “a pasta quando sai do dentifrício não tem volta.” Mesmo que a metáfora seja de um verve brucutu, se presta a explicar os desdobramentos da Operação Lava Jato. Agora não adianta gastar energia procurando enfiar a sujeira de volta ao esgoto. Viva esse novíssimo Brasil.
Estamos frente a uma nova e feliz perspectiva. Imagine a polícia vasculhando a sujeira nos escritórios do Senador Fernando Collor, esmiuçando a vida de Cunha, Renan Calheiros e comparsas de falcatrua? É o nirvana. Finalmente os corruptos profissionais estão tremendo nas bases. Este é um fabuloso legado do Governo Dilma. Os arautos da realidade vão dizer que tudo aconteceu apesar dela. Faz senso, mas é um fato notável em seu governo.
Pela primeira vez, e jamais pensei viver tamanha sensação de prazer, estou presenciando, como se fosse um desses filmes com final feliz, empresários arrogantes, bilionários e influentes, serem algemados e colocados atrás das grades. É fato que as trombetas do infortúnio procuram minar o trabalho do competente juiz Moro, cientes de que a enxurrada de provas vai atingir os andares superiores do poder. E daí? Que se danem os que se acham acima do bem e do mal.
Está certa a presidente quando afirmou, sem firulas e com todas as letras: “eu não vou pagar pela merda dos outros.” E que não pague mesmo. Doa a quem doer. Com todas as suas incongruências, sua incapacidade para tocar uma administração e seu azedume crônico, não acredito que Dilma é desonesta em proveito próprio. Agiu como agem todos os que aceitam o jogo para chegar, e se manter no poder.
O mesmo não se pode dizer dos abutres que tiraram proveito no esquema montado pelo lulopetismo. Uma ciranda de fraudes inacreditáveis. Esta é uma das mais felizes ocasiões para passar uma parte do Brasil a limpo. Talvez começando pelas ossadas do Governo Federal se vislumbre chegar a todas as covas que escondem subornos e bandalheiras nos Estados e prefeituras de toda nação. O povão, esse que paga a mais alta carga tributária do planeta, de longe a mais injusta e mal aplicada, merece o alívio.
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