Em um de seus bons momentos de filósofo, o saudoso Bob Marley escreveu o seguinte: “É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante ele, por terem apenas passado pela vida.”
Nessa ressaca pós-eleição, em que a maioria dos candidatos se engasga na derrota e amargam frustrações que doem no bolso e na alma, nada como recordar as palavras do talentoso músico do reggae. O que valeu foi acreditar na vitória e ter apostado na democracia brasileira.
Eu admiro, com inveja declarada, os que tiveram a coragem de se expor, pedir votos e submeter-se ao crivo das urnas. Além disso, é necessária uma coragem acima da média para se aventurar nos caminhos tortuosos, repletos de armadilhas e de banditismo, que norteiam a politiquice brasileira. São heróis as centenas de pessoas que acreditaram no poder das eleições.
Fazem parte de um seleto grupo de brasileiros que não terão que pedir desculpas a ninguém. Eles não ficaram lamentando a podridão e o baixo nível, olhando o caos apenas sentados no andar de cima, foram à luta. Optaram por participar do jogo, duríssimo por sinal, se arriscando na lama das desilusões e batalhas injustas.
Temos que louvar essa gente maravilhosa. Ao contrário do que pensam alguns críticos, o amplo leque de postulantes aos cargos não foi uma bobagem ou exagero. É uma participação que dignifica a democracia. A maioria tinha noção dos riscos e sabia que a derrota era o desfecho mais provável, porém, agiram com vigor e entusiasmo.
Os éticos neste processo devem retomar suas atividades e encarar o fracasso com naturalidade. Os medíocres ficam mendigando cargos públicos e exigindo reparações que não merecem. Pior são aqueles que não se conformam com o malogro e passam a agir nas sombras, com ódio e revanche, perseguindo os que obtiveram sucesso.
Eu entendo que deveria ser organizado um baile, com músicas, alegria e divertimento, para reunir os derrotados. Por que não? Seria uma forma de agradecer aos familiares, aos amigos, mostrando que existe vitória na derrota, na certeza de que grandeza de espírito é participar.
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