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O que nos une?

Segundo analistas, as nações com maior índice de progresso e que registram qualidade de vida acima da média aos cidadãos, são países em que os habitantes possuem mais pontos em comum do que divergências. Os regimes de governo são democracias em que lados opostos sabem, sem nenhum desconforto, que um rio separa suas ideias e propostas, as travessias são possíveis, mas as margens não se fundirão. Eis o segredo.

O problema, na difícil mixórdia brasileira, é a ausência de união no que devia ser de interesse geral. É uma falta de senso perceber divergências em tópicos básicos. Enquanto se discute, à exaustão, assuntos engessados em  margens que jamais poderão se encontrar, desperdiçamos energia capaz de unificar ações produtivas.

Ninguém acredita, por exemplo, que é possível obrigar os religiosos conservadores a aceitar as teses dos liberais do movimento gay, tornando possível cerimônias de casamento homoafetivas nos templos. São antíteses de bordas inversas. Jamais haverá consenso. E dai? Não há nenhum problema se os adversários nas propostas se unirem em torno da exigência de respeito. Cada segmento poderá dar sequência no que acredita, respeitando tanto os locais que não desejam a prática, quanto os que pretendem adotá-la. Simples assim.

Esse é apenas um bom exemplo entre muitos que existem. Causa espanto que a tese em defesa da natureza, da energia limpa e proteção efetiva de rios e florestas, seja a bandeira de um candidato, com os outros a dar impressão de que o assunto não é tão importante assim. Quanta ignorância. Esse tema devia nos unir.

É de uma mediocridade ímpar constatar que, no conta gotas cotidiano, só juntamos forças ao que nos separa. As torcidas de futebol representam uma energia única, uma força avassaladora, porque do outro lado se encontra o inimigo, o adversário a ser xingado e odiado.

Em raríssimas ocasiões, fãs do futebol representando todos os times, se juntam em campanhas comuns. Será que não existem convergências de valores e reivindicações? Claro que sim. Mas não aprendemos essa pérola de convivência social.

Quando a nação, numa das mais fecundas exigências coletivas pós ditadura militar, foi às ruas pedir ética, decência e medidas de respeito, logo apareceram os cretinos dos Black Blocks para dividir os protestos, desmoralizando pela uso da violência sem sentido, o que aglutinou famílias em torno de reivindicações necessárias. Quanta covardia de um grupelho que impediu, e inviabilizou, o exercício pleno da cidadania.

Entendo que seria útil se todos os candidatos, não importa o segmento político, tivessem a dignidade de adotar uma cartilha de propostas capazes de nos unir. Algo que, indiferente ao núcleo vencedor, fosse parte integrante das metas da nação. Entretanto, seja qual for o eleito, seremos vítimas de um projeto de poder e não de um plano de governo. Pessoas e partidos estarão acima do povo e acima da nação.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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