Dizem que Lula vai ao delírio quando as pesquisas demonstram que ele continua imbatível na corrida presidencial. Interlocutores íntimos, incluindo principalmente os que participam de suas incursões etílicas, dignas de enrolar a língua e arrotar o verbo, garantem que, dessa vez, ele será impiedoso. Não dará trégua aos adversários, será implacável com a Polícia Federal e bolsões indóceis do Judiciário e deixará os conglomerados de comunicação em regime de terra arrasada.
Nos palanques, poderá adotar um tom conciliador como estratégia de marketing, mas jamais esquecerá o que considera perseguição aos familiares e injustiça com sua biografia. Como já garantiu seu pé de meia, suas preocupações poderão se concentrar apenas em erguer a esquerda combalida e, no delírio do álcool, enfrentar para valer o capitalismo à la Tio Sam.
Se ainda detém milhões de votos populares, sobretudo entre a população sofrida que não possui conteúdo para julgar suas ações, sequer deve cogitar uma “combinação com os russos”. Herói sem nenhum caráter, joga no time de Renan Calheiros e se considera acima das leis criadas para arraia miúda.
Como vive, e sobrevive, protegido numa ilha cercada de fanáticos por todos os flancos, ainda não percebeu que existem consciências pensantes que não iludem com sua retórica do engodo. As provas que se acumulam em suas ações diretas de fraude administrativas podem ter solução antes de ingressar na protegida armadura presidencial.
Mas esse, de longe, não é o seu amargo pesadelo. O que vai pesar na balança é o bumerangue de sua herança maldita que, em treze anos de enganação premeditada, ajeitou profundos desajustes na economia. Lula sabe, porque é eticamente desqualificado mas não é burro, que recebeu o País nos trilhos. O enredo agora é outro.
Mesmo que Temer, em curto espaço de tempo, faça reajustes de trincar o tampo da cabeça das classes assalariadas, Luís Inácio vai encontrar a casa ainda podre em todos os quadrantes.
Tá certo que ele tem habilidades de líder e está longe de ser um poste de estupidez como Dilma, mas não terá como fugir do veneno espalhado pelo lulopetismo. E por falar em PT, o partido não terá condições de oferecer o suporte necessário. ¨E dai?¨, diriam os que conhecem a lábia de Lula.
Eis que não será tão fácil agradar às alas tresloucadas da esquerda, que fazem uma lambança interminável ao mesmo tempo que se atende um Congresso que, inevitavelmente, se consolida com representantes conservadores.
O cenário não é fácil. A refrega das eleições, com o mito Lula fazendo água, não será o mamão com açúcar que se acostumou o Dom Corleone dos raivosos de plantão. Ele será questionado pelo enriquecimento dos filhos, pela dinheirama acumulada, terá que dar satisfações sobre os investimentos bilionários na Venezuela, será cobrado sobre as ações corruptas dos marqueteiros e não sentará na cadeira dos debates como virgem inocente.
Mesmo plantando, de forma sorrateira e eficaz, o papel de vítima, verá o reflexo no espelho de fatos inquestionáveis. Mas se as massas decidirem, voltará nos braços do povão. Somente ele se ilude, pensando que tudo será igual num País que, após décadas no desmando petista, está diferente.
Mas Lula fará tudo o que for possível, e necessário, para se livrar da cadeia. Faz senso. Corrobora e faz jus à sua trajetória. Quem amarga ver o sol quadrado são os companheiros, fiéis sabujos da malandragem e bandalheira, mesmo na solidão do cárcere. A maldição Lula alcançou todos os seus amigos íntimos. Quem serão os próximos?
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