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Prefeitura de Goiânia e o barulho sustentável

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as futuras gerações. Que lindo, o termo não só está em todas as passarelas, como se tornou um ícone para políticos de todos os matizes. Na babel de siglas que prolifera nos rincões brasileiros, todas, sem exceção, tocam trombetas alardeando que atuam nos trilhos de uma administração sustentável.

Mas ao que consta, apenas o prefeito de Goiânia pode exibir no currículo um convite do Papa, o argentino Jorge Mario Bergoglio, que foi ungido como chefão da Igreja Católica e se batizou como Francisco, para ter a oportunidade de mostrar as potencialidades da qualidade de vida e as alegrias do ser humano de viver numa capital sustentável.

É possível que vários aspectos contem pontos para receber tão importante honraria. Esse item não ficou bem claro, nem nas boas matérias enviadas pela assessoria de imprensa do Paço Municipal. Não importa. O que interessa é que Paulo Garcia, assim como o Presidente da Câmara Municipal, receberam as bênçãos do homem que senta no trono de São Pedro. Valeu.

Ainda bem que no ranking da sustentabilidade não entra o sono dos pais de família. Se fosse por esse importante motivo, a comitiva sequer teria se encontrado com um desses noviços ingênuos dispostos a receber peregrinos no Vaticano. Na capital, em poucos bairros, o operário se dá ao luxo de tirar uma pestana aos finais de semana.

       O motivo é que mal chega a sexta-feira e a turma do som alto, drogas e anarquia toma conta da cidade. Seja com famigerado repertório sertanejo de péssimo gosto, com o tum tum tum das festas rave ou, pior ainda, com a bagaceira no estilo soca muriçoca, eguinha pocotó ou qualquer diabo de música no volume de arrebentar o tímpanos. Os carros de som e similares não deixam idosos, bebês e trabalhadores dormirem. São os reis do pedaço.

A Polícia Militar confirma que esse é o maior problema a atormentar os finais de semana. Os agentes da lei atuam com diligência, socorrem o que podem com um cobertor curto e dificuldades legais. Por falta de ação pertinente, muitos assassinatos aconteceram. É de enlouquecer ter um vizinho taradão a infernizar o quadrilátero. Um problema em tom maior que parece de rara solução? Nem tanto.

         A cidade vizinha de Aparecida de Goiânia, contando com um prefeito que sensibilizou-se com a população  e com um cidadão sério na batuta da Agência Municipal de Meio Ambiente, o digno Fabio Camargo, mostrou que o problema pode ser resolvido com ações enérgicas, bom trabalho e respaldo político. Ali, foi realizado o projeto “Tolerância Zero para som automotivo”, com absoluto sucesso. A cidade dorme e acorda com sono dos justos. Um feito notável, realizado em poucos meses.

Se os eleitores de Maguito Vilela aplaudiram e estão satisfeitos, o resultado foi um desastre para os contribuintes de Paulo Garcia. Como os malucos não possuem vez em Aparecida de Goiânia, eles poliram os potentes alto falantes, pintaram as caixas acústicas de alto decibéis, e passaram a impor seu azedume sonoro, capaz de balançar janelas e trincar os dentes dos indefesos habitantes de Goiânia.

Fazem suas festas por essas bandas, em postos de gasolina, parques, praças, chácaras próximas a residências, e sequer poupam hospitais, certos de que ninguém poderá importuná-los. Faz justiça reconhecer que os minguados fiscais da AMMA em ação, nem meia dúzia deles de plantão para cobrir a cidade inteira, trabalham com dedicação. Na madrugada, correm de um canto a outro chegando exaustos ao final da jornada, sendo xingados por moradores, pelo fato de não conseguirem atender a contento. Injustiça, visto que não existem funcionários suficientes.

Com esse quadro, fica um pedido: Senhor Prefeito, copie o colega Maguito. Não tem  desonra nenhuma nessa imitação. O senhor pode até aprimorar o que foi realizado, para surtir efeito em menos tempo. Por que não? Vamos correr com essa zueira para os lados de Brasília. Pensando bem, nem os políticos de lá merecem a turma de ordinários do ruído irresponsável. Tenha dó. Ajude a gente a dormir para aumentar a produtividade e pagar as contas. Até Vossa Excelência tem a ganhar com isso. Já pensou se o Papa –  não vai me dizer que não ficou amigo dele – visitar nossa capital? Vai querer dormir, e pega mal se não conseguir, sendo vítima de uma doideira com som alto.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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