Por quem os sinos dobram é um romance delicioso, escrito em 1940, obra prima do escritor norte-americano Ernest Hemingway. O título foi emprestado do genial clérigo anglicano John Donne, um parente de São Thomas More, santo católico decapitado pelo rei Henrique VIII, padroeiro dos políticos. O trecho hoje famoso “And therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee” já inspirou filmes e uma música do inesquecível Raul Seixas.
Na letra, o nosso maluco beleza alerta: “É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro. Evita o aperto de mão de um possível aliado. Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo. Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.”
O eterno cinismo da politiquice brasileira gera situações que vale perguntar a quem interessa a gritaria e o badalar dos cones invertidos. Atualmente a oposição, tendo sempre à frente os senadores corruptos Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, está de alarido batendo o martelo contra a indicação do jurista Alexandre de Moraes ao cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga deixada com o trágico falecimento de Teori Zavascki.
Os motivos do alarido são de doer os ossos, considerando a lambança, com respaldo constitucional, adotada pelo PT. O problema da chiadeira, como diria Jean Paul Sartre, é que “o inferno são os outros.” Eu não aprovo e não gosto deste modelo atual em que o chefe do governo pode indicar a raposa como responsável pelo galinheiro. Mas é bom lembrar que foi na história recente do lulopetismo que se teve a pachorra de colocar no STF o Ministro Dias Toffoli, que foi advogado do Partido dos Trabalhadores, motivo de riso nos corredores pela sua inexperiência e pobreza de conhecimentos para ocupar o cargo.
E que tal lembrar que Ricardo Lewandowski sempre foi um amigão do PT e foi parar no STF por conta de relações umbilicais com Lula e Cia Ltda. em São Bernardo do Campo? Sua fidelidade aos companheiros chegou a extremos nunca imaginados. Como no momento em que permitiu uma jabuticaba legal, em que Dilma foi afastada do governo e manteve o direito de se candidatar. Faz parte. É justo? Não! É imoral? Sim! É ilegal? Não! Atualmente faz parte.
Hoje os sinos dobram anunciando a era Temer e aliados. Goste ou não a oposição. Essa que urra loucamente gritando: Golpe! Traição. Ninguém pensou, quando podia tudo porque Lula era o senhor dos votos e da popularidade, em mudar as regras. Agora se agasta porque o adversário usa os métodos surrados e aéticos aprovados no doce embalo do poder.
Não vão convencer sequer as paredes do Congresso. Será letra morta. O ex-ministro da Justiça, para o bem ou para o mal, sentará na cadeira sob o manto da suspeita e o peso do voto. Michel Temer fez o que todos fazem. A sociedade que se dane. São iguais em gênero, número e grau. Entre tantos partidos brasileiros, a prática demonstra, só existem mesmo dois: os que estão fora do poder, e fazem de tudo para não sair, e os que estão fora, e que vendem a alma para o diabo para entrar. É simples assim.
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