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Policiais e a saga dos heróis.

 A sociedade não entendeu, e quando perceber poderá ser tarde demais,  o quanto estamos sobrecarregando os sofridos policiais – sejam eles civis ou militares – que se encontram no front de uma guerra sem precedentes. Mesmo sendo forjados para suportar angústias, estresse e condições adversas de atuação, fomos longe demais no que esperamos desses heróis cotidianos.

Poucos são capazes de registrar suas longas horas de trabalho, nos momentos em que a população curte uma diversão coletiva. Por ocasião do Natal, enquanto a maior parte das famílias se unem em ceias memoráveis, brindando alegria e trocando presentes, eles dobram o efetivo nas ruas para evitar que um bando de bárbaros tomem conta da cidade. É com o coração apertado que despedem de seus filhos, cientes de que podem ser mortos por um moleque qualquer disposto a apertar o gatilho. Ninguém se importa.

 Nas partidas de futebol, momento de descontração e divertimento para uma turba enlouquecida de torcedores, são convocados para sofrer toda espécie de humilhação, agressões e escárnio, muitas vezes enjaulados à mercê de fanáticos dispostos a fazer deles o bode expiatório de sua raivosas frustrações. Para essa função de tormento, recebem uma ninharia de fazer rir os vigias de automóveis que faturam nos arredores da arena. Vigiados pela imprensa e cobrados de todos os ângulos, serão reconhecidos apenas quanto perder a tempera e errar no trato com a indigesta função. Pau neles. É a ordem geral.

No carnaval, nessa época nem se fala, dobra a saga de apedrejamento. Visíveis nas armaduras do uniforme, bolhas nos pés dos coturnos pesados, capacetes que se tornam uma tortura nas longas horas de calor, nas pesadas condições de uma fantasia que nada tem a ver com zorra a pleno vapor, lidam com o diabo que pula embriagado nos salões, bares, avenidas e quadriláteros improvisados.  Exaustos após quatro, cinco ou mais dias de festança a pleno vapor, sua quarta feira de cinzas não é para descanso, urge continuar a luta nas trincheiras de um país sem ordem.

Estruturas que cobram deles uma ação irretocável, são as mesmas que alimentam o banditismo que nada respeita. Encastelados no Ministério Público, na imprensa, nas dobras do legislativo e nos gabinetes refrigerados do executivo, algozes de todos os matizes não reforçam as condições de trabalho ou apoio, mas cobram nos rigores de quem finge não entender as condições desiguais de suas jornadas contra as quadrilhas.

O salário que recebem, nas duríssimas equações de atuação semelhantes a guerras fraticidas, é uma merreca. Em todas as ocasiões são utilizados ora como bucha de canhão ora como iscas indefesas do crime organizado. Haja vista o que ocorreu durante as manifestações envolvendo os dementes do Black Blocs e durante a revolta dos chefões do PCC. O alvo inocente sempre foi o policial em serviço. Mesmo que os responsáveis sejam figuras muito bem protegidas nos palácios, ministérios ou nas ilhas de proteção urbana que acolhem os ricaços.

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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