A farra do boi, uma das mais odiosas e irracionais práticas de crueldade aos animais, teria sido trazida ao Brasil por imigrantes açorianos entre 1748 e 1756. Originalmente, o muar era engordado, fazia-se a farra e, em seguida, era sacrificado para servir de alimento. Com o passar do tempo, a prática se modificou. Em sua versão moderna, o boi é levado ao local escolhido pelos farristas e solto, momento a partir do qual se inicia a perseguição e as agressões – com mãos e pés ou pedaços de madeira – até ele fique exausto e não consiga mais se levantar. Aí a farra acaba e a vítima é abandonada. Geralmente, devido à gravidade dos ferimentos, o boi tem que ser sacrificado.
O significado do ritual é desconhecido, sendo atribuída a ele uma bizarra conotação simbólico-religiosa referente à Paixão de Cristo, onde o boi faria o papel de Judas; outros entendem que a pobre criatura simboliza Satanás e, através da tortura do Diabo, as pessoas se livrariam de seus pecados. Quanto besteirol insano numa só atividade de gente tão desumana.
Toda essa introdução, a não ser pela alegoria que me tortura a alma de contribuinte, não tem nada a ver com a JBS. A empresa, que fique claro, não se presta a atos de barbaridade com os bois que sacrifica de acordo com normas preconizadas pela legislação. O que me agasta é saber que, sendo verdade o que se alardeia abertamente, existe uma leviana farra da empresa em relação ao pagamento de impostos.
Diversas fontes afirmam, mostrando documentos do próprio governo, que a antiga Friboi deve mais de bilhão de reais aos cofres do INSS. Ora, sendo comprovada a prática, isso tem ares de orgia impensável. Como assim? Então a maior empresa de carnes do mundo engordou seu faturamento, tornou-se multinacional respeitada, enganando a nação?
Foi assim? Se não foi, vale um desmentido categórico, como foi realizada para se defender da fatídica operação Carne Fraca, em múltiplos veículos de comunicação. Inimaginável que um conglomerado do porte da JBS, que se ergueu com dinheiro do BNDES, seja um sonegador tão irresponsável.
Repito: cabe ao Ministério Público desmentir, ou confirmar, e tomar providências. Seja permitindo processar os detratores, seja para confiscar bens e/ou meter na cadeia os proprietários. Por que não? A turma está acima do bem e do mal? Não acredito.
Como parte dos envolvidos na origem da empresa são de Goiás, faço notar que, sim, o Ministério Público de nosso Estado tem que dar uma resposta. Agir em defesa da população, essa que não tem escolha e paga, sem opção, a maior carga tributária do planeta, de longe a mais injusta e mal aplicada. Nessa farra o boi de piranha somos todos nós.
Rosenwal Ferreira
Publicitário, Jornalista e Terapeuta Transpessoal
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