A proliferação de partidos políticos em terras brasileiras, que se registra numa verdadeira orgia, se transformou numa das mais absurdas aberrações na turbulenta democracia tupiniquim. Por conta disso, figuras bizarras, que na vida social mal conseguiriam tocar um carrinho de picolé, passam a arrotar importância com teses que chocam, desafiam a lei e provocam as instituições. A mais recente imprudência foi protagonizada por um sujeito miúdo, tal de Rui Costa Pimenta, que se apresenta todo sebento como presidente nacional do PCO, Partido da Causa Operária, arrotando um furúnculo verborrágico típico dos candidatos a ditador.
Num festival de besteiras repugnantes, exorta os trabalhadores a sitiar Curitiba, constranger o juiz Sérgio Moro, que ele jura estar a serviço de potências estrangeiras, e impedir a qualquer custo que Lula seja eventualmente detido. Com todas as letras, numa linguagem chula, pobre de argumentos e em flagrante desafio, afirma que jamais, sob qualquer argumento, mesmo dentro da lei, Luiz Inácio Lula da Silva pode ser preso.
Argumenta, em fala macia, como se fosse um calmo e sereno dono da Nação, que Lula é um cidadão acima do bem e do mal. Qualquer pessoa no País pode ser investigada, julgada e condenada, menos Lula. Se isso for levado a termo, explica ele com voz didática e professoral, uma turba de operários impedirá. É simples assim, diz com todas as letras. E arremata: essa é a palavra de ordem. E mais: ameaça que o Primeiro de Maio será comemorado em Curitiba, com milhares de pessoas chegando e acampando no quadrilátero em que Moro exerce o juízo, a partir do sábado que antecede o feriado, ali permanecendo até o dia três de maio, data que o ex-presidente foi intimado a prestar esclarecimentos.
Ninguém chegará perto de nosso líder, afirma categórico. Se fôssemos a Venezuela, embora este tipinho de gente trabalhe duro para conseguir isso, até ficaria com um bruta medo. Ainda não somos. Felizmente temos leis, estrutura para garantir um mínimo de respeito institucional e nosso exército não foi catequizado em Cuba. Se for necessário, a ordem será mantida. O juiz Sérgio Moro não está sozinho. Hoje ele representa milhões de brasileiros que desejam o fim da corrupção, das regalias e de gente que se acha acima da lei. Vamos ver até que ponto a bravata do presidente do PCO vai intimidar os homens de bem. É claro que vale fazer rastro de onça e até cutucar a fera. Mas com vara curta é um perigo.
Rosenwal Ferreira
Jornalista, Publicitário e Terapeuta Transpessoal
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