Para início de prosa, e sabendo que existem leitores que guardam pinças na algibeira para achar cabelo em ovo, explico que os nomes das personagens no título do artigo foram, premeditadamente, colocados em ordem alfabética.
Embora especialistas confiáveis não considerem a explicação plausível, o escritor Francisco Alves, na obra “Origens de anexins, proloquios, locuções populares, siglas etc”, afirma que a expressão “lé com lé e cré com cré” veio de “leigo com leigo, clérico com clérico”, muito embora não explica como o ditongo fechado da sílaba “lei” poderia ter se transformado em “lé.”
A explicação serve apenas como um tempero curioso. O que importa, na análise da política goiana, é a divulgação do “lé com cré”, nos factoides com ares de quem diz algo importante sem dizer coisa alguma.
Fosse mês de março, até poderia encontrar sensatez acreditando que os envolvidos tenham sido vítimas de um surto poético ao estilo Tom Jobim: “É pau, é pedra, é o fim do caminho”, É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol. É o mistério profundo, é o queira ou não queira. É o fundo do poço…”. Genial a arte de misturar tudo, aparentemente sem ligação, e fazer senso. Mas isso é cultura, talento.
O que estamos sofrendo é outra coisa. São escaramuças, com atores em busca do poder, dispostos a deixar o eleitor com a Síndrome do Crioulo Doido. Até agora, e com a eleição se aproximando, ninguém sabe o que poderá nortear as coligações e por que, ou melhor dizendo, para quem servem as intenções de parceria?
Discute-se elos na intimidade dos caciques, que se dane o conteúdo dos programas de governo. Não mudou nada. Ninguém aprendeu lições com o recado claro dos eleitores. A ordem é embalar, e dar continuidade ao lé com cré, até que todos os interesses umbilicais estejam ajustados. Só depois, e apenas para referendar o que já foi acordado, é que se consulta as urnas. Nem precisava.
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