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Interesses contrariados é fogo

Em Goiás, a arte de fazer jornalismo corajoso – com denúncias sérias que afetam interesses contrariados – vai muito além do exercício investigativo, do trabalho árduo e da checagem de dados. É um duro exercício de paciência e de capacidade para tolerar retaliações de toda sorte. O auxílio para quem se atreve a revelar bandalheiras é tão escasso que muitos desistem vendo o exemplo dos que sofrem. Se o suporte fosse mais efetivo, via OAB, Sindicatos dos Jornalistas, Associação Goiana de Imprensa, Secretaria de Segurança Pública e outros, haveria mais incentivo ao jornalismo investigativo independente.

Não que as entidades citadas deixem de colaborar ou não sejam importantes quando acionadas. Na prática, não foram criados mecanismos eficientes com foco nesse específico item. Por uma compreensível questão cultural, que urge ser modificada, o jornalista que aponta irregularidades é visto como um criador de casos. Um intrometido que está sempre à procura de encrencas.

Aqueles que são objeto de matérias que apontam erros logo se apressam em condenar o autor do artigo. Uma tese marota ao extremo é afirmar que o denunciante “devia tomar mais cuidado por ser um formador de opinião”. A artimanha mais efetiva é desmoralizar o articulista sem tocar no conteúdo do que foi publicado.

Por essas e outras, pipocam ilegalidades que se perpetuam. O que se divulga, para que providências sejam tomadas, é apenas a ponta de um colossal iceberg. Recentemente, entre algumas maracutaias que ousei tornar públicas, sofri o diabo chiando contra maus agentes da Agência Municipal de Trânsito – AMT. Entre represálias miúdas, ameaças rudimentares e agressividade dos que sentiram ameaçados, tive duas gratificantes surpresas.

A primeira delas foi perceber que o Presidente Miguel Tiago aceita críticas e age quando elas fazem senso. Ao adotar identificação nos uniformes, ele mostra respeito pelo cidadão e prestigia os éticos. A segunda boa surpresa foi o artigo da agente Rodriana Estrela Peixoto de Aguiar, que se utilizou de argumentos válidos, censurou o que a incomodou e deu crédito a pontos que eu estava certo. Isso se chama democracia.

As duas posições de integridade moral me aliviaram. Durmo com a sensação de que é possível realizar a prática do bom jornalismo e até esqueço os que me ofenderam prometendo vingança e perseguições eternas. Sei que as ações moralizadoras vão impedir sua arrogância e coibir ações fraudulentas. Esquemas que pareciam perfeitos vão ser desmascarados. Gostei.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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