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Estatizar o transporte seria o inferno

Num longo e confuso artigo, repleto de clichês típicos da esquerda festiva do tempo do onça, o sindicalista e professor Antônio Gonçalves Rocha Jr. defendeu a estatização das empresas de ônibus como solução às mazelas do transporte coletivo da Capital. A solução simplista do mestre Rocha Jr. é de uma imprudência que deixa dúvidas sobre suas reais intenções.

Antes que ele, ou qualquer um de seus associados, se apresse em me xingar de burguês insensível, esclareço que vejo sérios problemas no transporte de massa. As condições estruturais estão longe do ideal. Mas nada justifica entregar a rapadura para que o Estado crie mais um nicho capaz de acomodar toda sorte de cupins e sanguessugas apadrinhados.

Está provado que o Estado é mau administrador. Em todos os locais em que se tentaram soluções via administração pública o rombo se agigantou e o sistema virou bagunça. Mesmo com todos os defeitos, a iniciativa privada mantém interesse em renovar a frota, não comporta roubalheira explícita, não contrata por indicação política e sofre fiscalizações mais rigorosas.

O zeloso professor fala, abertamente e sem o menor senso de responsabilidade, sobre “ideias fervilhantes que poderiam incendiar a cidade”, mas que foram abafadas. Deus nos livre, meu caro historiador. Já nos basta a lembrança do caos, da lambança e da hipocrisia em torno da estúpida ideia do transporte alternativo. Uma bandeira dos “esquerdoidos” que deu num fracasso anunciado. Com prejuízos de toda sorte.

Sob pena de pagar um alto preço social, não podemos confundir operações complexas, que envolvem sérias teorias econômicas, com proselitismos ideológicos. Profissionais qualificados podem lhe esclarecer o quanto seria danoso entregar a exploração do segmento aos caprichos dos políticos de plantão.

O atual modelo, sob a tutela do Estado, ainda permite interferências políticas danosas. E o senhor ainda fala em entregá-lo aos abutres da coisa pública? O nobre professor engana-se ao afirmar que o “frescão” é bom para os empresários. Não é verdade. Trata-se de um chute sem o menor respaldo. O sistema, operando no vermelho, é uma tentativa qualificada com um propósito específico: conquistar quem possui um automóvel e pode arcar com uma tarifa diferenciada.

Ao afirmar, mais uma vez sem nenhum embasamento, que o negócio permite que “as empresas operem com grande margem de lucro”, o senhor age de má-fé. As planilhas demonstram claramente que a margem de lucro atual está no limite para não dar prejuízos. Peça a alguns de seus colegas, professores que entendem do riscado, que analisem os dados. Vai ter uma baita surpresa.

É claro que ainda dá lucro. Normal a quem investe milhões de reais e espera retorno. Qualquer um dos empresários do ramo, que o senhor critica sem conhecer, se pudesse voltar atrás, investiria em outros setores mais rentáveis. Se tiver interesse posso lhe mostrar relatórios esclarecedores.

Na verdade, note bem o que estou afirmando, muitos investidores estão questionando se ainda vale a pena aplicar recursos no setor e ainda ser batizado como vilão. A solução do caos urbano não tem nada a ver com a iniciativa privada. Fosse apenas isso, eu seria o primeiro a defender a proposta. Por que não?

As soluções mais concretas passam pelo governo federal, idolatrado por todas as correntes de esquerda, o único capaz de aplicar recursos na construção do metrô. Uma operação que jogaria boa parte dos ônibus no escanteio. Essa, sim, representaria uma solução.

No entanto, alimentando a fogueira da hipocrisia, é mais cômodo deixar o ônus com a iniciativa privada, fingindo que, não fosse a “ganância dos empresários”, seria possível transformar o caos em ordenamento. É um embuste. Típico de quem nunca gerenciou uma banca de vender abacaxis.

O senhor assevera que “as principais medidas propostas pela Câmara Deliberativa do Transporte demonstram o seu comprometimento com esse modelo de defesa dos lucros patronais e dos obscuros interesses por trás do transporte público da Capital”.

Faço um desafio: prove! Homens muito sérios, profissionais com ética e experiência, como os distintos secretário das Cidades, Paulo Gonçalves; presidente da Agência Goiana de Regulação, Wanderlino Teixeira; prefeito de Goiânia, Iris Rezende; secretário municipal de Planejamento, Luís Alberto Gomes de Oliveira; superintendente da Agência Municipal de Trânsito, Miguel Silva; presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos, Marcos Massad; prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela; prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Vieira Cardoso (que representa os demais municípios da rede metropolitana), estão atuando com rigor no órgão citado. Seus esforços não podem ser desprezados sem comprovação. Gostaria de saber quais são os tais “interesses obscuros”. Se eles existem, vou ajudá-lo a denunciar e a desmascarar homens que eu tenho na mais alta conta. Coloco-me à sua disposição.

Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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