Não faltam bons adjetivos ao deputado federal Jean Wyllys. O homem é professor condecorado, linguista, jornalista, defensor dos direitos LGBT e um fecundo articulista dos problemas nacionais. O que espanta, com todo esse rol de qualidades que o coloca na elite intelectual do País, é que ele não se deu conta da importância de seus exemplos para os que seguem e admiram seu trabalho.
Num momento em que a nação se divide, numa brutal e desnecessária luta de classes, ele insiste em manifestações de ódio, rancor e violência. Como se não bastassem suas ações mais rasas de confronto, como a de cuspir nos adversários, deu na telha de escrever artigos que jogam lenha na fogueira que ameaça incendiar a nação.
Só para lembrar, ele aproveitou sua ampla exposição na mídia para afirmar que milhões de brasileiros, mais precisamente os eleitores do PSDB, são “classistas, racistas e violentos”, um evidente exagero que apenas incita o confronto improdutivo.
Defendo o direito de Jean Wyllys de abraçar teses que eu condeno. Ele deve ser ouvido quando defende o aborto, quando se coloca contra as privatizações e até nos momentos que ataca sem piedade o segmento evangélico para defender sua assumida condição homossexual. Considero tudo normal no contexto da democracia mas não posso concordar quando faz coro, oferecendo munição intelectual, aos que atacam a imprensa livre. Ao incitar ódio contra a Rede Globo, Record, revistas como Veja, Isto É, Rádio Jovem Pan e, mais recentemente, contra a Folha de São Paulo, prejudica até mesmo o segmento que defende com firmeza.
Ele se esquece de que foi eleito, na primeira vez, com míseros 0,16% dos votos no Rio de Janeiro, tendo sido arrastado pelos 240 mil votos de Chico Alencar. Não fosse essa aberração na bizarra eleição brasileira, jamais teria ocupado a cadeira de congressista.
Pior ainda é desdenhar a Rede Globo, ignorando, de propósito, que ficou conhecido em todos os rincões graças à participação no Big Brother Brasil. Mesmo sendo um besteirol televisivo, pródigo em revelar mulheres peladas, gente bizarra, contribuindo com o luxo do lixo, foi esse programa que o tornou famoso.
Agora, que subiu no pódio e mantém um contracheque bem acima da média nacional, fica mais fácil cuspir no prato que comeu. Alias, vale lembrar que lançar saliva aos quatro ventos está se tornando sua marca registrada.
Não me consta que haverá nenhuma tentativa de suicídio nos escalões da Vênus Platinada, a Folha de São Paulo não perderá um assinante sequer e sua real ausência não faz diferença alguma aos veículos de comunicação, vítimas de seus destemperos. Mesmo assim, o nobre deputado, que já afirmou em alto e bom som que acha que recebe pouco para cumprir a função na Câmara, se endeusa no estrelismo que já fez sucumbir gente mais talentosa do que ele.
Atualmente, se dedica a escrever para a revista Carta Capital, uma publicação reconhecida por abrigar teses da extrema esquerda, sendo um nicho que se tornou ícone em defesa do lulopetismo. Seus textos são elegantes e parecem inofensivos. Entretanto, para a militância fanática, funciona como fósforo em barril de pólvora. Juízo, deputado, juízo.
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