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O sorriso do excluído

     Se o mês de agosto teve sua cota de tempestades perfeitas, incluindo o expurgo de uma Presidente da República, infelizmente não se pode deduzir que os últimos quatro meses do ano serão dedicados à bonança. Setembro entra rasgando com Eduardo Cunha, que parecia eterno nas manhas e artimanhas, perdendo o cargo e sendo jogado aos leões. Assusta quando promete um livro-bomba capaz de abalar os alicerces de um governo que mal teve tempo de fincar estacas. É de se aguardar.

     Quem tem motivos para sorrir é o mandachuva da Polícia Federal, Leandro Daiello que, nas cerimônias de sete de setembro, foi esnobado pela cúpula governista, sendo ardilosamente colocado num palanque de classe econômica. Tranquilo, viu a PF ser ovacionada na avenida enquanto a ala executiva amargava vaias constrangedoras.

     Foi sorte dele, ao contrário do que esperava os que pretendiam mostrar desprezo, não se misturar com a manada política. Hoje, são poucas as instituições com a moral republicana da PF. Nem precisa de uma pesquisa para entender que, na feliz exceção da PF,  não existem instituições brasileiras com respeito público.

     Os Correios, que sempre ocuparam uma cotação exemplar, se derretem em desmandos, tendo sua outrora eficiência questionada. Caminham para um inevitável cadafalso. A Petrobras, mesmo batendo recorde na extração de petróleo, tornou-se símbolo de bandalheira, que nos envergonha aos bilhões.

     Mesmo com a nova presidente, a sensata Carmem Lúcia, dando fôlego renovado ao Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do País amarga decepções, visto que alguns de seus membros agem por impulsos umbilicais, pisando na Constituição como se ela fosse uma bola chutada no futebol de várzea.

     De fio a pavio, para usar uma expressão tão antiga quanto honrar o cargo, tendo como base a ética, a classe política é um desastre em todos os rincões. Das câmaras municipais ao Senado Federal. Achar quem presta é procurar agulha num palheiro.

     Sobra o que? Bombeiros? Sim, estes, assim como a PM,  honram a farda. De resto, estamos tontos à procura de heróis, encontrados nas ações da PF, que não tem recuado frente aos poderosos de plantão. O juiz Sergio Moro é um show à parte. Símbolo de uma equipe que trabalha coesa com a PF, dá um alento ao Brasil, que parecia entregue às traças da corrupção a se eternizar.

     Aos que duvidam se a corporação vai ter ânimo e coragem para ir até o fim, a segregação de Daiello oferece uma boa resposta. Deixar o homem de lado,  porque ele representa a garra dos colegas, apenas aumenta o apetite dos leões da justiça. Quem duvidar que aguarde.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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