Aos que ainda imaginam que a chamada ideologia de gênero é uma novíssima invenção tupiniquim, vale lembrar que o controverso tema se difundiu a partir da década de 60-70, apoiada e financiada por fundações, tais como Rockefeller, Ford e MacArthur e foi introduzida de modo maciço no cenário internacional em 1995, na conferência da ONU, realizada em Pequim.
A partir desse pontapé, o jogo se transformou num salseiro tão complexo quanto o raciocínio num tabuleiro de xadrez. Encontrou guarida numa babel de análises que vão desde antropologia individualista do neoliberalismo radical, ideologias marxistas, sobretudo Friedrich Engels, teoria psicanalítica de Freud, “revolução sexual” fundamentada em W. Reich e H. Marcuse e até sobre o existencialismo ateu de Simone de Beauvoir.
É mole? O assunto é tão palpitante que pode dar confusão até na ceia de Natal. O desgaste que envolve o tema é tão profundo que até para simplificar urge cautela. A ideologia de gênero sustenta, fundamentalmente, que a feminilidade e a masculinidade não seriam determinadas basicamente pelo sexo, mas pela cultura. As diferenças entre o ser homem e o ser mulher não corresponderiam, portanto – além das óbvias diferenças corporais – a sua natureza biológica, mas seriam meras construções culturais, “plasmadas” sobre os papéis e estereótipos.
Defensores ardorosos da tese sustentam que, no contexto descrito no parágrafo acima, seriam benéficas – um show – as possibilidades do indivíduo de inventar-se e ser feliz. Pode ser? Pode! Mas será que não estamos em busca de uma roda quadrada? Qual o sentido de complicar tanto?
Rusgas ideológicas à parte, construções viscerais que poucos entendem, será que não podemos nos ater ao projeto simples, direto e efetivo de ensinar ética? Não importa se os países escandinavos se lascaram ao adotar o tema ou que cientistas sociais qualificados acreditam na implantação.
Esqueçam os banheiros coletivos e as roupas comuns aos dois gêneros. Vamos investir num estudo sério de apreciação da conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal, do certo e errado, num conjunto de normas e princípios de decência capazes de nortear as relações cotidianas. Simples assim.
Os grupelhos que se engalfinham, incluindo o eterno antagonismo da esquerda caviar e da direita brucutu, se anima numa salada indigesta que inclui religiosos da ala radical, defensores do casamento homoafetivo, machões mal ajustados, feministas destemperadas, galeras pró e contra o aborto e toda sorte de oportunistas.
Assim como nas separações que envolvem um misto de ódio e amor, as crianças estão sendo utilizadas como bucha de canhão. Poucos estão realmente incomodados com elas. Fosse o contrário, toda a energia, para defender ou atacar a proposição, poderia ser utilizada em prol de melhorar o ensino, de respeitar os reais interesses dos pequeninos e, sobretudo, mostrar a eles que adultos se entendem. Crianças giram rodas e brincam com um quadrado sem complicações ou questionamentos. É ou não é?
Rosenwal Ferreira – Jornalista/Publicitário
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