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Tínhamos tudo na mão e perdemos

Para quem já se esqueceu, Goiânia surgiu como uma cidade planejada num conceito moderno de urbanismo e numa estrutura que tinha tudo para dar certo. Infelizmente, vítima da ganância de uns, cretinice dos políticos irresponsáveis e dos incompetentes administrativos, hoje somos uma rota colcha de retalhos urbanos, numa confusão típica dos projetos mal ajambrados.
Ao contrário do que se imagina, o caos que azeda nosso cotidiano não foi obra do crescimento e do progresso. Foi uma armação do atraso e da ausência de fiscalização efetiva. Se nossos homens públicos, e a sociedade como um todo, tivessem escolhido o caminho de um desenvolvimento ordenado, consciente e sem desvios, a malha urbana se acomodaria facilmente. São inúmeros os exemplos de metrópoles que conseguiram esse equilíbrio.
Erguendo-se num território plano e de fácil ocupação, o nosso complexo demográfico não tinha necessidade de se tornar um formigueiro disforme. Tínhamos tudo na mão e jogamos fora. Hoje, desnecessariamente, não existe sossego em lugar algum. Todos os bairros se transformaram em moenda de fazer dinheiro a qualquer custo.
A nova expansão urbana já mostrou suas garras contribuindo para generalização da lambança. O setor Marista, apenas para citar um excelente exemplo, está cedendo espaço a projetos imobiliários que vão tornar o quadrilátero insuportável. São dezenas de prédios de apartamentos, escritórios e lojas comerciais expulsando as famílias. O impacto no trânsito, no barulho e na aglomeração exagerada será fatal. Tudo permitido e avalizado pelos governantes de plantão, com as bênçãos da Câmara Municipal.
A ambição desmedida sequer tem respeito pelos minguados hectares de área verde que circundam a Capital. A turma do lucro exagerado, da mesquinharia, encontra forma de burlar a lei e justificar a destruição do pouco que resta. Quem se opõe ao vandalismo imobiliário é apontado como atrasado e sofre ameaças de toda sorte.
Nenhum bairro da Capital – notem bem – nenhum, tem como destino acolher apenas as famílias. Tudo é permitido. A zorra, os ruídos, a farra noturna, estão liberados em todas as zonas. A cidade inteira é uma zona. Culpa de quem? De todos nós. Que permitimos, gestão após gestão, a falta de escrúpulos com a qualidade de vida.
Ainda é tempo de socorro. Felizmente sim. Mas só acontecerá se existir união de poderes para tal empreitada. Do contrário será cada dia pior. Basta continuar do jeitão atual. Estamos liberando construções a granel. Não existe fiscalização efetiva para quase nada. O comércio e as arrecadações estão acima do que manda o ordenamento.
Não estamos falando em coibir quem gera empregos de forma correta. Normalmente estes são investigados à exaustão. Referimo-nos aos que se lixam com as estruturas da legalidade. É necessário reconhecer que os ilegais estão quase superando os que agem com lisura.
Que tal a coragem de fazer uma comunidade em que todos, sem exceções, passem a respeitar o que está no Plano Diretor? Quem se atreve a cumprir, rigorosamente, as leis em vigor e salvar Goiânia? É uma tarefa para políticos em tom maior. Politiqueiros a caça de votos não são capazes de algo tão importante.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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