Por uma dessas razões que a falta de planejamento, e a eterna síndrome da solução baioneta explicam, os caudilhos latino americanos são pródigos em recorrer aos Generais para solucionar problemas criados pela sociedade civil.
Nesse contexto as forças armadas, que existem na essência básica para defender a nação em adversidades com o inimigo externo, proteger as fronteiras e, somente em casos excepcionais, agir assegurando a ordem entre os patrícios, acaba se enrascando em atoleiros infernais.
Em alguns casos, como o recente purgatório venezuelano, se presta a garantir ditaduras improdutivas. No contexto que envolve o louco do Maduro representam um covarde papel, agindo contra os interesses coletivos, representando uma suja roupagem em que são parte do problema e não da solução.
Ao invocar as Forças Armadas para agir no Rio de Janeiro, o Presidente Michel Temer o faz como o sujeito que arranca o olho infeccionado para se livrar do incômodo que o dilacera. Não tem uma ideia clara se o ato vai impedir a contaminação da retina sadia, mas se arrisca. Compra um tapa olho e sai feliz porque ainda é capaz de enxergar com o olho que lhe resta.
Evidente que a população carioca, e boa parte dos eleitores brasileiros, aprovam a medida porque é melhor fazer alguma coisa do que permitir o caos nas assombrosas dimensões atuais. Ou seja: o presidente acerta, mesmo sabendo que não se trata de solução, porque ninguém é capaz de apontar alternativa melhor.
Por que então os artigos e gritos de censura? Por motivos óbvios que até um beócio em segurança consegue enxergar. Toda essa demonstração de força, nada inédita, se torna placebo inútil assim que os coturnos voltarem a receber graxa nos quartéis. É um aparato para inglês ver.
Então tá! Não faz nada? Não se trata disso. Mas seria o caso do ato ser atrelado a um projeto com um mínimo de começo, meio e fim. O atual espectro tem começo e fim. Falta o essencial. Não existe um processo claro de continuidade. Um elo capaz de passar o bastão de Temer para o próximo mandatário.
É uma medida que tem sua lógica, e utilidade, no espirro da urgência sem resíduo a médio prazo. A longo prazo nem pensar. Mas como só jogar pedras não adianta, vamos torcer. Quem sabe o ato de fazer o Rio de Janeiro respirar, mesmo que em fôlego curto, abra uma perspectiva capaz de orientar a nação em busca de resolver o mais crucial dos problemas brasileiros.
Rosenwal Ferreira é Jornalista, Publicitário e Terapeuta Trans-Pessoal
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