Brasil Saúde

‘Zigue-zague’ das medidas de restrições do governo de SP não interrompe propagação da Covid, diz estudo

A forma como o governo do estado de São Paulo impõe uma política de “zigue-zague” de fechamento e abertura do comércio, com abrandamento e, em seguida, mais rigor nas políticas públicas de isolamento social, não está sendo eficaz para conter a propagação da Covid-19 no estado, segundo estudo divulgado pela Rede de Pesquisa Solidária, que reúne mais de 100 pesquisadores de diversas instituições parceiras, entre elas a Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a nota técnica divulgada pela rede no final de semana, o governo deveria modificar as políticas de distanciamento físico, “para garantir maior coerência e coordenação”.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado disse que o plano de medidas de isolamento é “dinâmico” e que “causa espanto que medidas de aprimoramento do monitoramento sejam criticadas sem qualquer subsídio concreto”. O governo afirma ainda que “todas as mudanças no Plano e de fases são embasadas em indicadores combinados de forma coerente e sensatas”.

“É urgente adotar medidas para apoiar a restrição e a segurança da mobilidade das pessoas”, afirmaram os pesquisadores, que defendem a manutenção de regras mais rígidas de distanciamento social no estado para reduzir a velocidade de transmissão, “considerando-se o nível atual de risco de transmissão comunitária” do coronavírus continuar em alta no estado.

“Essas medidas devem ser implementadas com duração suficiente para gerar resultados de redução na proporção de testes positivos, número de novos casos, óbitos e taxa de ocupação de leitos ambulatoriais e de UTI COVID-19 que sejam sustentados por um período mínimo de 14 dias seguidos de queda”, aponta o documento.

Os pesquisadores apontam que a duração da fase emergencial no estado, que começou em 15 de março e durou até 11 abril, com 29 dias de duração, não foi suficiente para conter a propagação da doença, apesar da leve redução no número de internações nos hospitais do estado. Neste período, apenas serviços essenciais podiam abrir e o comércio de rua foi todo fechado.

VÍDEO: Estado de São Paulo começa fase de transição neste domingo (18)

Em seguida, o governo do estado flexibilizou as regras, determinando a entrada na fase vermelha do Plano SP para conter a doença, com a autorização para reabertura de alguns serviços, como comércio, lojas de materiais de construção e a realização de aulas presenciais em escolas públicas e privadas.

Alegando melhoria nos indicadores de contaminação e de internados em unidades de terapia intensiva (UTI), o governador, João Doria (PSDB), flexibilizou novamente as regras, com um período de duas semanas de transição para a fase laranja do Plano SP, com a reabertura de shoppings, atividades religiosas e comércio de rua em 18 de abril.

Segundo o estudo dos pesquisadores, o estado de São Paulo se mantém como o epicentro da pandemia no país. “Não se consegue controlar a disseminação do coronavírus”, afirma o documento.

Para os pesquisadores, outro fator que impacta na propagação da doença no estado é “a falta de um programa consistente de testagem de casos ativos, rastreamento de contatos e apoio para o isolamento de pessoas com testes confirmados e suspeitos”.

Veja a íntegra da nota da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico sobre o estudo:

“O Governo de SP informa que a Fase de Transição, que entrou em vigor ontem (18), só foi possível com a reversão das tendências de aumento de casos, internações e óbitos constatada após a Fase Emergencial. Este plano de gestão e convivência com a pandemia, que é dinâmica conforme já visto em todo o mundo, não poderia ser estático, engessado e alheio às evidências técnicas, científicas, administrativas e sociais deste momento tão desafiador. Causa espanto que medidas de aprimoramento do monitoramento sejam criticadas sem qualquer subsídio concreto.

Este novo momento, como o próprio nome diz, é transitório e tem o objetivo de retomar atividades econômicas de forma segura e responsável, com a manutenção dos protocolos sanitários, horários de funcionamento e as restrições de circulação para a população, como o toque de recolher das 20h às 5h. O princípio basilar do Plano São Paulo é a adoção de medidas seguras para superar a pandemia e salvar vidas. Todas as mudanças no Plano e de fases são embasadas em indicadores combinados de forma coerente e sensata, e que podem ser monitorados em tempo real por qualquer cidadão. Todos os critérios do Plano estão públicos com total transparência e podem ser consultados em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/planosp/.

Com relação à testagem, o Estado de SP já fez mais de 13 milhões de testes e criou a Plataforma de Diagnósticos para otimizar os diagnósticos na rede pública de saúde. O protocolo definido pelo Ministério da Saúde prevê a priorização da testagem de pessoas sintomáticas, o que contribui para maior percentual de positividade – que aliás não é de 43%, mas sim de 34% conforme dados da Plataforma disponíveis para consulta pública. Cabe às Vigilâncias municipais o rastreamento e monitoramento de confirmados e contactantes a fim de conter cadeias de transmissão.

Por fim, com relação à imunização, é graças ao Governo de SP e ao Instituto Butantan que, hoje, está disponível a vacina que está protegendo 7 a cada 10 brasileiros imunizados. São Paulo é o estado que mais vacinou no Brasil, em números absolutos, ultrapassando 9,4 milhões de doses aplicadas, com 3 milhões de pessoas já com esquema vacinal completo (ou seja, duas doses recebidas). A campanha é mais uma das frentes de combate à pandemia, que segue como a principal frente de ação do Governo.”

Fonte: G1

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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