Uma série de fatores técnicos e factuais levaram as pesquisas eleitorais realizadas no 1º turno em Goiânia a erro, essa é a avaliação do cientista político, Guilherme Carvalho. Um dos aspectos responsáveis por esse desfecho, segundo o especialista, foi a indecisão dos eleitores — principalmente aqueles que não foram alcançados pelas campanhas — até o último momento.
Para Guilherme, nenhuma amostra seria certeira para prever uma abstenção tão alta. “Quando vai fazer o recorte para derivar o resultado ele acaba se tornando insatisfatório por deixar a desejar ou se avolumar. Acredito que a margem de erro foi muito grande por conta da alta abstenção”, explica.
O cientista pontua que o tamanho da amostra foi adequado, mas a sua distribuição pela cidade esbarrou em dificuldades. “Sem querer pode ter pegado um perfil um pouco desproporcional. Por conta da pandemia, talvez não tenha conseguido captar o cenário em certas regiões isso cria um grande problema, pois acaba tendo uma amostra enviesada”, aponta o cientista.
Ainda de acordo com Guilherme, ouvir entre 400 e 450 pessoas em uma pesquisa rápida é suficiente. Só que na pandemia existe uma dificuldade para espalhar essa amostra pelas regiões. “O cenário de pandemia acabou mudando hábitos e isso se tornou um problema para os institutos. Em geral, os pesquisadores ficam em locais com grande rotatividade de pessoas. A cultura de alternação de horário e a quarentena impactaram nisso”, pondera.
Factuais
Entre os fatores factuais, Carvalho destaca o que chama de maior déficit informacional da história, resultado de um processo eleitoral mais curto em que grande parte dos eleitores não conseguiram ser alcançados pelas campanhas. “Isso gerou uma incerteza e fez com que comparecesse às urnas somente aquele eleitor mais informado ou que foi alcançado. Grande parte dos indecisos não compareceu às urnas”, resume.
“Neste 1º turno, a realidade é que muitos decidiram de última hora ou não foram às urnas”, completa Guilherme. Outro fator que teria tido influência foi o quadro clínico de Maguito Vilela, que na avaliação do cientista acabou sensibilizando os indecisos.
Para muitos, a informação de campanha não chegou de forma presencial e ostensiva, mas a informação de que o Maguito estava lutando contra a Covid-19 estava em evidência. “Se nenhum candidato passou na rua desse eleitor, mas ele ouviu sobre o Maguito e lembrou de sua trajetória política, isso pode ter influenciado”, analisa o especialista.
“Em minha avaliação, o Maguito conseguiu reter esses indecisos. Pois o que faz a eleição ‘se mexer’ é a paixão. Falta isso nos pleitos municipais”, diz Guilherme, ao prospectar que uma mudança de cenário, ao menos em relação à abstenção, não se avizinha. “Se as variáveis forem contínuas”, esclarece.
Para o 2º turno, o cientista não acredita em uma grande mudança de metodologia por parte dos institutos de pesquisa. “Muitos já fecharam contratos e é complicado superar as dificuldades citadas”, relata. Sobre a postura das campanhas, Carvalho indica que não vê indicativos de mudança de estratégia por parte dos candidatos.
“A equipe do Vanderlan, a meu ver, teve um erro de leitura enorme no 1º turno e parece que vai continuar. O candidato não se comportou como líder e isso influência aqueles eleitores que optam pelo chamado ‘voto útil’. A postura agressiva também é muito ruim, pois é vista como querer bater em quem não pode se defender.”
Por fim, Guilherme avalia que a tendência é que o MDB busque ampliar o arco de alianças que alavancaram o nome de Maguito no 1º turno. “Se forem concretizadas e conseguirem transferir votos a vantagem pode se ampliar. O candidato teve muito apoio de candidatos a vereadores, isso pode ser substituído por candidatos a prefeito”, conclui. Segundo Guilherme, Vanderlan também deve tentar captar ou desenvolver alianças para tentar ser eleito.
fonte: Jornal Opção
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