Economia

Um semestre de estagnação para as vendas do comércio em Goiás

Depois de dois meses de quedas em sequência, as vendas do comércio, na versão do varejo mais tradicional e também em seu conceito ampliado, interromperam a tendência de baixa, em junho no País como um todo e também em Goiás. Mas essa interrupção ainda não configura uma virada na tendência mais negativa observada nos meses anteriores, já que o avanço foi limitado, quando ocorreu, ou nulo, como no caso das vendas exclusivamente no varejo. No Estado, o varejo restrito e o comércio mais amplo, incluindo veículos, motos e peças, materiais de construção e o atacado de alimentos, bebidas e fumo, encerraram o primeiro semestre sem qualquer variação em relação ao mesmo período do ano passado.

Na comparação com o mês imediatamente anterior, numa visão de mais curto prazo, as vendas no varejo no Estado avançaram 1,2% em junho, depois de colecionar baixas de 1,2% e de 2,5% em abril e maio. Vale dizer, o setor não conseguiu sequer repor o que havia perdido nos dois meses anteriores. Foi um desempenho de certa forma melhor do que na média do comércio em todo o País, que havia sofrido baixas de 0,1% e 0,7% em abril e maio para estagnar literalmente em junho, repetindo os volumes vendidos um mês antes. O setor tropeçou em terreno negativo em três dos últimos seis meses, registrando baixas também em metade dos últimos 12 meses nesse tipo de avaliação, na série estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com períodos idênticos do ano passado, o varejo goiano tradicional avançou apenas 0,7% em junho, saindo de quedas de 2,3% e de 2,0% em abril e maio, para acumular variação simplesmente nula no primeiro semestre – o que significa dizer que as lojas varejistas, na média, venderam apenas os mesmos volumes entregues ao consumidor goiano ao longo dos seis primeiros meses do ano passado. Sob certo aspecto, foi um comportamento inferior àquele apresentado pela média do setor varejista em todo o País em junho, quando as vendas até avançaram 1,3% em relação ao sexto mês de 2022, depois de leve avanço de 0,5% em abril e queda de 1,1% em maio, deixando uma variação acumulado em todo o semestre de 1,3%.

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Quedas no ampliado

No comércio ampliado, registrou-se elevação de 1,5% em Goiás na passagem de maio para junho, depois de tombos de 4,5% e 3,9% respectivamente em abril e maio, novamente em relação aos meses imediatamente anteriores. Apenas em junho o comércio amplo em Goiás, misto de varejo e atacado, conseguiu suplantar os dados do País, já que as vendas na média do comércio brasileiro chegaram a avançar 1,2% em junho, saindo de baixas de 2,1% e de 0,5% em abril e maio. Na comparação com iguais períodos de 2022, houve perdas para o comércio goiano ao longo de todo o trimestre, a despeito dos estímulos criados pelo governo para acelerar as vendas de veículos, que respondem aproximadamente por 17% a 18% dos volumes transacionados por todo o varejo. Assim, as vendas caíram 4,4%, 3,9% e 2,1% em abril, maio e junho, na sequência, no que parece ser uma tendência de desaceleração na intensidade das perdas mês a mês. Seja como for, o varejo ampliado praticamente não saiu do lugar no primeiro semestre, experimentando leve recuo de 0,1% frente aos seis meses iniciais do ano passado.

Balanço

  • No comércio ampliado, o Estado conseguiu sair-se pior do que a média também na comparação interanual. Ainda comparadas aos mesmos meses do ano passado, as vendas do varejo amplo em todo o País cresceram 2,6% em abril, 3,0% em maio e saltaram 8,3% em junho, com saltos de 17,9% e de 21,2% nos setores de veículos, motos e peças e no atacado de alimentos, bebidas e fumo. Como exceção, as vendas de materiais de construção caíram 2,7% em junho. No semestre, o varejo amplo experimentou avanço de 4,0% em todo o País.
  • Ainda para o conjunto do comércio brasileiro, o varejo amplo chegou a anotar alguma aceleração entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, diante de iguais períodos de 2022, com a taxa de variação passando de 3,3% para 4,6%. A reação concentrou-se basicamente nos segmentos de veículos e atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo. As concessionárias de veículos, motos e peças, que haviam apresentado elevação de 5,0% no primeiro trimestre passaram a crescer 5,8%. O segundo segmento, nessa ordem, havia recuado 0,7% no primeiro trimestre e anotou incremento de 17,2% no seguinte.
  • No varejo mais convencional, no entanto, entre oito segmentos acompanhados pelo IBGE, cinco passaram por desaceleração ou queda, um deles manteve o mesmo ritmo e apenas um anotou aceleração entre o primeiro e o segundo semestres, num duplo efeito gerado pela demanda ainda contida e pelo impacto da alta dos juros sobre o crédito.
  • As vendas de combustíveis e lubrificantes mantiveram ritmo mais forte, mas cresceram no segundo trimestre a uma taxa que foi praticamente a metade daquela anotada no trimestre anterior. Para comparar, o setor chegou a avançar 20,0% e passou a crescer 9,7%. No setor de hiper e supermercados, a variação foi de 2,6% tanto no primeiro quanto no segundo trimestre. A exceção veio do setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que havia recuado 0,4% e passou a crescer 4,9%. Livrarias e papelarias e lojas de equipamentos para escritório, equipamentos de informática e comunicação registraram tombos de 5,6% e de 6,4% na mesma ordem, anulando os avanços de 0,7% e de 5,2% anotados no primeiro trimestre.
  • Em Goiás, entre 11 setores do varejo (restrito e amplo), sete fecharam o semestre no vermelho e quatro cresceram (móveis e eletrodomésticos, com alta de 4,7%; medicamentos, aparelhos médicos, perfumes e cosméticos, num avanço de 11,5%; equipamentos de escritório, informática e comunicações, mais 1,7%; e veículos, motos e peças, subindo 13,5%).
  • A debilidade das vendas pode ser avaliada na comparação entre o momento atual e o momento mais promissor observado na série histórica do IBGE. Em Goiás, por exemplo, o varejo restrito observou seu ponto mais elevado de vendas em fevereiro de 2014 e, desde lá, encolheu 31,1%. No comércio ampliado, o pico de vendas ocorreu em agosto de 2012, observando retração de 25,9% até junho deste ano.
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O HOJE

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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