Economia

Queda de preços das commodities segura avanço das exportações

Depois de assegurarem em larga escala o crescimento das vendas externas brasileiras nos últimos anos, as commodities vêm atuando para desacelerar o ritmo de crescimento das exportações neste ano, por conta principalmente da redução nos preços praticados no mercado internacional, marcando a reversão do ciclo de alta observada nos últimos dois anos. No acumulado entre janeiro e julho deste ano, na soma geral, as exportações brasileiras registraram variação de apenas 0,15%, saindo de US$ 193,203 bilhões para US$ 194,203 bilhões, o que representou um incremento de somente US$ 288,469 milhões. No ano passado, as vendas de bens e mercadorias no mercado internacional haviam crescido perto de 19,0%, depois de alta de 34,2% na passagem de 2020 para 2021, depois de dois anos de perdas para o setor.

Num levantamento feito pela coluna com base em estatísticas oficiais, considerando 14 grupos de commodities (açúcar, algodão, alumínio, cacau, café, carnes, celulose, soja em grão, farelo de soja, hidrocarbonetos, madeira, milho, minério de ferro e óleos vegetais), as exportações nesta área recuaram ligeiramente de US$ 131,245 bilhões para US$ 130,645 bilhões nos sete meses iniciais de 2022 e de 2023, respectivamente. Houve um recuo, portanto, de 0,46%. Mas a participação desse grupo de commodities nas exportações totais manteve-se muito elevada, concentrando 67,27% das vendas externas totais do País, diante de 67,68% nos sete meses iniciais do ano passado.

As vendas externas restantes, de toda forma, não expressaram um desempenho brilhante, ao contrário, o crescimento observado ficou limitado a apenas 1,42%, com as exportações saindo de alguma coisa abaixo de US$ 62,670 bilhões para US$ 63,558 bilhões. Para comparar, o primeiro grupo, formado pelas principais commodities, observou baixa equivalente a US$ 599,463 milhões, enquanto o segundo grupo apresentou ganho correspondente a US$ 887,932 milhões.

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Altas e baixas

O Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) confirma a redução das exportações de bens não commodities e algum avanço, embora modesto, nos valores embarcados de produtos não commodities, mas com desempenhos diversos em volume e preços, ao menos em intensidade. “Os resultados para as exportações dependem principalmente do desempenho das commodities, que explicam cerca de 70% das vendas externas do País. Na comparação mensal (julho deste ano em relação a igual mês do ano passado), o (aumento do) volume exportado foi de 16,8%” e de 9,8% no acumulado do ano até julho frente aos mesmos sete meses de 2022, registra o boletim do Icomex deste mês. “Os preços das commodities caíram na base mensal (-17,0%) e na do acumulado do ano (-8,6%). O volume das não commodities caiu 1,1% entre os meses de julho e cresceu 0,6% entre os acumulados do ano até julho”, complementa.

Balanço

  • Considerando sempre valores médios por tonelada embarcada, os preços dos óleos brutos de petróleo e dos óleos combustíveis, num exemplo, desabaram 24,8% e 26,0% respectivamente, num reflexo evidente da perda de fôlego das cotações do barril de petróleo no mercado internacional. Os volumes exportados cresceram, na mesma ordem, 28,1% e 10,3% em relação ao acumulado entre janeiro e julho do ano passado. Em valores, as exportações de óleos brutos recuaram 3,60%, saindo de US$ 23,125 bilhões para US$ 22,292 bilhões. Os embarques de óleos combustíveis de petróleo baixaram de US$ 7,892 bilhões para US$ 6,441 bilhões, em queda de 18,2%.
  • As exportações de soja em grão, ao contrário, cresceram 8,10% e avançaram de US$ 35,241 bilhões para US$ 38,096 bilhões sempre tomando os sete primeiros meses de 2022 e 2023. A participação desse único produto na pauta brasileira de exportações aumentou de 18,17% para 19,61%. O incremento deveu-se especificamente por conta do aumento nos volumes embarcados, que saíram de 60,523 milhões para 72,467 milhões de toneladas, numa elevação de 19,73%. Os preços médios da tonelada de soja exportada, no entanto, sofreram queda de 9,72%.
  • Depois de terem alcançado níveis históricos em 2021, quando responderam por 15,9% de toda a exportação do País, as vendas externas de minério de ferro baixaram quase 9,0% entre o acumulado em sete meses de 2022 e o mesmo intervalo deste ano, encolhendo de US$ 17,670 bilhões para US$ 16,085 bilhões. A participação nas exportações totais baixou de 9,11% para 8,28%. Os volumes embarcados anotaram alta de 8,24%, saindo de 186,047 milhões para 201,380 milhões de toneladas. Mas os preços do minério lá fora caíram 15,9%.
  • Desde o início da década passada, no entanto, as vendas de commodities, considerando o mesmo grupo de 14 itens indicados mais acima, foram responsáveis por praticamente 85,0% do aumento experimentado pelo total das exportações brasileiras, que avançaram de US$ 200,434 bilhões em 2010 para US$ 334,136 bilhões no ano passado, num crescimento acumulado de 66,7%. Em dólares, o ganho atingiu US$ 133,702 bilhões em valores aproximados.
  • As vendas externas de commodities mais do que dobraram naquela mesma comparação, saltando de quase US$ 109,737 bilhões para pouco mais de US$ 223,325 bilhões, em lata de 103,51%. O ganho acumulado no período somou US$ 113,589 bilhões. A participação das commodities selecionadas pela coluna, que havia se aproximado de 54,75% em 2010, alcançou 66,84% em 2022.
  • O ritmo de crescimento do restante das exportações foi muito menos exuberante, correspondendo a uma variação de 22,18% no período, já que as vendas passaram de US$ 90,697 bilhões para pouco menos de US$ 110,811 bilhões. E sua fatia no total exportado baixou de 45,39% para 33,16%.
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   O HOJE

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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