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No patamar de 10,75% ao ano, alta da Selic reduz investimentos e mercado critica elevação

Banco Central

A taxa básica de juros, conhecida como Selic, chegou aos 2 dígitos após a 8º alta consecutiva anunciada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. No patamar de 10,75% ao ano, a medida deve impactar negativamente na produção econômica e na geração de empregos em uma tentativa de controlar a inflação que derrubou o poder de compra da população.

Com a tomada de crédito mais cara, a previsão é que o mercado reduza a produção, em especial a industrial, e a concorrência aumente para compensar a demanda. O economista e diretor Superintendente do Sicoob Goiás, Ullisses Silva Vilela Capistano, explica que nem todos os recursos são influenciados diretamente pela Selic, mas que o grosso dos empréstimos são balizados pela taxa.  “Do lado do tomador de crédito, o sistema financeiro funciona nessa base da intermediação do aplicador de quem tem recursos sobrando, e aquele que precisa de recurso para investimento, para giro ou manutenção das despesas diárias”, conta.

É a primeira vez em 5 anos que a taxa ultrapassou os dois dígitos. Ao longo da pandemia, o Governo Federal e o Ministério da Economia trabalham para manter a taxa na média de 2%. A medida extrema incentivou a tomada de crédito, seja para o investimento ou para o consumo das famílias e trabalhadores afetados pela recessão econômica. “Quando há uma tomada grande de crédito aumenta também o consumo das famílias e há o aumento dos preços na economia, conhecido como inflação. Com o aumento da inflação, o governo foi forçado a elevar a taxa de juros, que é o momento que estamos vivendo agora”, avalia Ullisses.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado na meta oficial, encerrou 2021 em 10,6%, o dobro da projeção para o ano. No comunicado, o Copom aponta que “a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente e que, segundo o Boletim Focus ficou estacionado em torno de 5,4%”.

O economista Víctor Antônio Costa, gestor de projetos do Sebrae, argumenta que a estratégia “diminui a demanda e oferta de produtos e diminui e reduz o consumo que faz com que os preços caiam”. Costa explica que “para o empreendedor, o sinal é que as negociações de ativos devem cair por causa da redução da oferta e demanda. A concorrência também aumenta pois há uma redução do número de clientes”.

Para quem já tomou crédito no mercado, o ajuste também deve impactar as parcelas em linhas de créditos abertas, tendo em vista que o reajuste é automático.

Apesar da preocupação com o arrefecimento da economia, o juros aumento privilegia quem poupa e investe, especial para quem aplica em renda direta. Seja o pequeno, médio ou grande investidor, o dinheiro dele se torna automaticamente mais caro. “A Selic baixa incentivou a tomada de crédito e desincentiva a poupança”, aponta Ullisses.

Dívidas públicas devem crescer

Como o reajuste todas as taxas de juros do país, o governo também é atingido pela própria decisão de elevar a Selic. O grosso da dívida pública é reajustada pela taxa mãe, isso quer dizer que quanto mais alta a taxa, mais cara será a dívida.

A taxa Selic chegou ao patamar de 2%, que foi uma marca histórica. Ela nunca tinha ficado tão baixa. A gente sabe que a pandemia foi um momento extremo e o governo reagiu tomando medidas extremas como a baixa da Selic a patamares de 2%. A Selic baixa incentivou a tomada de crédito e desincentiva a poupança. E quando há uma tomada grande de crédito, seja para investimento ou consumo, ele aumenta o consumo das famílias e há o aumento dos preços na economia, conhecido como inflação. Com o aumento da inflação, o governo foi forçado a elevar os patamares da Selic, que é o momento que estamos vivendo hoje. Ela veio em 2% no começo do ano passado e chegou a 10,5% com tendência de mais aumentos ainda esse ano para aumentar a poupança e reduzir o consumo das famílias.

O impacto para o empresário em relação as maquininhas só se dá quando o consumidor compra no crédito e ele precisa receber esse dinheiro antes dos 30 dias, aí sim há a cobrança sobre a Selic.

“É um aumento muito grande nas dívidas federais, e isso no longo prazo o governo vai ter que arrecadar mais ou gastar menos para quitar esse débito.

A tendência para esse ano é que haja novas altas da taxa Selic, mas é preciso analisar outros participantes da economia nesse cenário que vem ganhando muito espaço financeiros que são as fintechs e as cooperativas que têm praticado juros mais baixos para créditos”, sinaliza o economista.

 

O HOJE

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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