Empresas brasileiras estão de volta à produção de televisores, depois de um longo período no qual a fabricação no País praticamente ficou nas mãos de companhias asiáticas – coreanas, chinesas e japonesas. Nos anos 1990, havia várias fabricantes nacionais, como Gradiente, Sharp, Cineral, que acabaram deixando a produção de TVs. Agora o movimento de volta das nacionais é capitaneado por três indústrias com tradição na fabricação de eletroportáteis e eletrônicos, Mondial, Britânia e Multilaser.
Apesar de o porte das brasileiras ser muito menor do que o das gigantes coreanas que dominam o mercado, a chegada das novatas deve incomodar as multinacionais. E quem deve sair ganhando é o consumidor. Especialistas veem para os próximos meses uma guerra de preços de TVs, mesmo considerando a alta de custos dos componentes cotados em dólar. A intenção das novas fabricantes é conquistar uma fatia das vendas de televisores no varejo, que chegam a movimentar cerca de R$ 30 bilhões por ano.
Uma combinação de fatores tem atraído empresas nacionais para a produção de TVs. O isolamento social imposto pela pandemia aumentou a importância do entretenimento dentro de casa. Tanto é que as vendas de aparelhos no varejo no ano passado registraram um pequeno crescimento ante 2019 e somaram 12,147 milhões de unidades, segundo a consultoria GFK.
Também a crise econômica explica parte do interesse dos novos fabricantes. Mesmo com o bolso mais apertado, o brasileiro manteve o desejo de ter uma TV conectada de tela grande. “O consumidor passou a racionalizar a compra: procura hoje uma TV premium, mas com custo benefício maior”, explica o diretor de Varejo da GFK, Fernando Baialuna. Essa reação abriu espaço para que outras empresas começassem a explorar um novo filão de mercado que vinha se desenhando, mas que foi acelerado pela pandemia.
Na opinião de José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros, que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos, o amadurecimento do produto reduziu o custo dos investimentos em tecnologia. E isso facilitou o acesso de empresas nacionais, normalmente menos capitalizadas do que as multinacionais, à produção de televisores. Ele lembra também que, em setembro do ano passado, a japonesa Sony deixou uma lacuna no mercado de TVs ao anunciar a saída definitiva do País.
Fonte Estadão
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