O brasileiro está farto da política. O ambiente tóxico de Brasília, potencializado na reeleição e sucessiva queda de Dilma Rousseff, envenenou o povo. Hoje, para o senso comum do eleitor, tudo que vem dos palácios e dos centros do poder exala mau cheiro. Mas, como resolver os graves problemas do Brasil se não for pela política, a arte do diálogo, a ciência da organização social? A culpa, por óbvio, não é da política; dir-se-ia, para “mesoclisar” a discussão, de alguns políticos (ou de muitos)…
Mas, seguramente, não de todos.
A política vai resistir na verve e nas ações dos líderes que seguem na contramão das atitudes que sepultam em vala comum os mais tradicionais nomes da política nacional.
São estes tolerantes: dialogam com o opositor e respeitam o adversário e a divergência. São corajosos, não escolhem embates pelo grau de facilidade; ao contrário, se é difícil, reside aí o estímulo para enfrentá-los. São austeros, entendem a necessidade urgente de reformar o Estado por meio de um novo modelo de gestão. São sensíveis, reconhecem a evolução e compreendem a necessidade de avançar mais nas conquistas sociais. São inovadores, buscam soluções criativas para desenvolver suas regiões. São visionários, profetizam o Brasil Central como o campo fértil para resgatar o desenvolvimento do país, para vencer a maior crise de todos os tempos.
Mas, cadê esse líder?
Um deles, que se não se encaixa em todas as qualidades acima descritas, certramente possui maior parte delas, é o governador de Goiás, Marconi Perillo, cujo nome já se consolidou no rol dos presidenciáveis.
No seu quarto mandato à frente do Estado, o tucano não tem dificuldade em conversar com os opositores. De Dilma a Michel Temer, respeitou a ambos, a despeito das objeções ideológicas, pelo bem de Goiás. No grande programa de seu atual governo, o Goiás na Frente, os prefeitos de todos os partidos, aliados ou não, têm acesso a recursos para obras. Iris Rezende, do PMDB, abiscoitou nesta quinta-feira (3) R$ 35 milhões.
O governador goiano tem Brasil afora e adentro aliados e admiradores em partidos das tendências mais distintas.
Marconi tem coragem, não se pode negar. Quando precisou ir para o embate, escolheu bem o adversário: enfrentou o então temido presidente Lula, no auge de sua popularidade, revelando ao país que o petista sabia sim que a fidelidade de base de apoio no Congresso era cevada na base do Mensalão.
Briga feia. Sangrenta. Dela resultou a Operação Monte Carlo e a CPI do Cachoeira (articulada por Lula para derrubar Marconi como delataria anos mais tarde o ex-senador e ex-petista Delcídio Amaral) que derrubaram o até então inatingível Demóstenes Torres. Marconi, porém, numa jogada de destreza reservada aos grandes estrategistas, sobreviveu ao duro embate com Lula e PT para ressurgir ainda mais forte.
Marconi mantem uma grande rede de proteção social em Goiás com importantes políticas de renda mínima, com subvenções ao transporte público urbano (em Goiás o Estado banca o passe livre dos estudantes). Executa também um pioneiro programa de bolsas de estudo universitário que já ajudou a perto de 150 mil jovens a obter o diploma de educação superior. Para ficar em alguns exemplos.
O tucano de Goiás reformou a máquina pública; reduziu a estrutura a apenas 10 secretarias; demitiu perto de 5 mil funcionários comissionados; transferiu a gestão dos hospitais do Estado para organizações sociais e hoje a saúde em Goiás apresenta índices de qualidade entre os melhores do Brasil; promoveu uma reforma educacional que levou, em poucos anos, as escolas da rede pública estadual à liderança do Ideb, o índice de Desenvolvimento do Ensino Básico.
Marconi desenvolve o mais ambicioso projeto de intervenção estatal na área dos incentivos ao desenvolvimento e à industrialização, com um agressivo programa de atração de empresas e de investimentos que faz Goiás apresentar, mês a mês, os melhores índices de geração de emprego formal, segundo o Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho.
O PIB goiano cresce acima da média nacional há bem 20 anos e a balança comercial goiana já tem mais de dois anos de superávits consecutivos.
Marconi é, sobretudo, muito bem articulado. Criou e preside, já tendo sido reconduzido, o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central e o Fórum de Governadores do Brasil Central, uma organização que reúne sete estados (GO, DF, MT, MS, TO, RO, MA), 21 senadores e quase 70 deputados federais.
O consórcio colocou na pauta nacional uma região historicamente negligenciada pelo poder em Brasília, notadamente ‘sudestecêntrico’. Tem dado visibilidade a uma região que cresce a despeito da crise, motor do desenvolvimento nacional, responsável pelo equilíbrio da balança de pagamentos do Brasil e cuja renda per capita já ultrapassa a média brasileira.
Marconi pode sim vir a ser o político que devolverá à política suas virtudes imprescindíveis. Pode também tornar-se o primeiro presidente da República oriundo do Planalto Central.
Seu nome já circula com desenvoltura entre os presidenciáveis até mesmo nos gabinetes e nas redações do eixo Sul-Sudeste.
Vencerá os everésticos obstáculos? Saberemos em breve. Atualmente, pelo que se vê da leitura que o povo tem dos seus mais destacados prováveis adversários, suas chances só aumentam.
Aécio Neves caiu miseravelmente pela delação de Joesley e pela ofensiva de Janot pela sua prisão – o PGR já está no terceiro pedido – e Lula foi golpeado duramente por Moro.
Nomes da política tradicional, e mesmo os outsiders, estão definitivamente fora do radar do eleitor. Sinal de que pode estar mesmo na política (em um político novo) a solução.
Uma pesquisa do Instituto Paraná publicada na última edição da revista Istoé dá a dimensão da descrença da população e o tamanho da avenida aberta para os novos, entre eles Marconi.
A pesquisa não foca a intenção de voto; ao contrário, aborda o não-voto, a rejeição.
Vejamos: Lula, rejeitado por 55,8%; o paulista Geraldo Alckmin, por 54,1%; Bolsonaro, 53,9%; Ciro Gomes, 50,2%; Marina Silva, 46,3%. Joaquim Barbosa, o ex-ministro do STF, para surpresa de muitos, não teria de jeito nenhum o voto de 42,3% dos entrevistados. O melhor colocado, ainda extremamente rejeitado, é o prefeito paulistano João Dória, com 42,2%.
É por essas e outras que o cavalo está arriado.
E galopa livre, leve e solto pelo cerrado goiano. Fonte: Gbrasil
Deixe seu Comentário