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Verdades a serem encaradas pelo Sindicato dos Jornalistas

Mesmo que se negue em martelar perene, o Sindicato dos Jornalistas tem um histórico de atuação com viés de esquerda. Fato que se justifica nas vísceras de uma imprensa que lutou contra a ditadura militar – símbolo de censura – representante paranóica da extrema direita. Foi um período doloroso que se enterra em cova rasa. Apenas os revanchistas irresponsáveis desejam remoer os ossos de um defunto que não deixou saudades. Mas se no passado recente os opressores provinham do núcleo militar, apoiados pelas classes mais altas da sociedade; hoje eles são mais comuns entre os oprimidos de outrora que se tornaram donos do poder.

O eixo das pressões apenas mudou. Os jornalistas continuam sendo humilhados, amargando salários aviltantes e sendo tratados como matéria-prima ordinária. Apenas os barões do lucro midiático é que enriquecem turbinados com verbas generosas que pertencem ao povão. Depois de mais de 40 anos de atuação como profissional da imprensa não tenho ilusões. Sob o ponto de vista ideológico não sou branco, nem preto, nem vermelho. Como a maioria, procuro sobreviver.

O que tem realizado o Sindicato dos Jornalistas para mudar a triste realidade dos filiados? Quase nada. Continua achando que existe um embate ideológico capaz de modificar uma tirania que se perpetua. O que mudou foi a ponta que segura o chicote.

Em minha opinião, e sei que ela vai desagradar cérebros miúdos, essa associação continua onde sempre esteve: no atoleiro, pois despreza a si mesma. Foi a própria associação que deu aos tubarões da imprensa o poder que exercem sobre ela. Como? Agindo na base da subserviência imediata, com apoio direto rápido, agilizando amparo e auxílio em termos que não são dispensados aos próprios sindicalizados.

Nenhum magnata da comunicação tem respeito pelos que colocam os interesses deles acima dos trabalhadores que devem representar. Se todas as ações que envolvem socorro a esses profissionais fossem ágeis, o curso natural seria esse. Mas não é. Quem tem poder, mantém privilégios.

Quantas vezes – os colegas sabem disso – assalariados foram dispensados vítima apenas de uma frase que desagradou majestades do setor. Outros foram dispensados no espirro de injustiças. Notas de repúdio foram aprovadas? Muito raramente. Não considero saudável que colegas tenham reduzida a confiança no Sindicato para defendê-los. Pior ainda é que a maioria teme criticar o órgão. Como se a liberdade de expressão fosse tolhida por quem se dispõe a defendê-la.

Atrevo-me a esse desabafo por várias razões. Primeiro que considero o atual presidente, e parte expressiva da diretoria, como pessoas bem intencionadas. O jovem Cláudio Curado é um idealista qualificado. Segundo que tenho minha própria opinião e sei distinguir mentiras da verdade.

Gostando ou não do meu estilo, há de se reconhecer que trabalho incansavelmente. Mantenho várias atividades dignificando os que atuam junto comigo. Não faço joguinhos nos bastidores, não tenho padrinhos de alto cacife e não dou festas que bajulam. Sempre acreditei que se minhas ideias fossem válidas, elas iriam prosperar. Não submeto meus artigos e/ou opiniões, à apreciação de ninguém. Respeito com ética todos os ditames que fazem sentido e me reservo o direito de combater o que considero um absurdo. Já paguei caro por isso.

Não acredito que para ser jornalista seja necessária uma vida social sem recursos. As exigências intelectuais de nossa atuação, no meu entendimento, devem ser muito bem compensadas economicamente. Luto com todas as forças por isso.

Eu levo o Sindicato a sério. Muito a sério. Tanto que clamo para que a entidade perceba claramente o peso de sua responsabilidade. Para que não tenha medo de crescer. Que possa conclamar franqueza e integridade capazes de atrair novos membros e ter o respeito dos que colaboram. Que abandone posições pueris, estilo “abaixo o capitalismo!” Que saiba entender, e tentar modificar, o que se passa no cotidiano das redações.

Um Sindicato de Jornalistas que saiba ouvir o que poucos ousam lhe dizer, por que têm medo das reações. Uma sociedade que não ache que tem mais problemas do que precisa. Urge conquistar espaços que nos pertencem. Que os empresários da comunicação deixem de exigir profissionais limitados, aparados, podados, para exibir como troféus em nome de uma pseudoliberdade de imprensa. É preciso entender porquê isso ocorre e lutar para modificar.

Não digo tudo isso para desfazer do meu sindicato, digo porque sou um amigo insatisfeito. Embora muitos tenham uma forte tendência a triturá-los quando lhe dizem verdades. A liberdade de imprensa é muito importante para que, tendo conquistado-a, correr o risco de perdê-la para um novo capataz.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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