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Um desafio para Marconi Perillo

Somente os hipócritas crônicos imaginam uma relação do governo com a imprensa sem as generosas verbas do Estado. Poucas são as nações do planeta em que o dinheiro do contribuinte deixa de jorrar nos diversos meios de comunicação. Existem diferenças importantes que separam o investimento publicitário produtivo da simples moeda de troca que envolve favores inconfessáveis e silêncios criminosos. A mais importante delas é a transparência. O público que paga a conta tem o direito de saber, em detalhes, o que foi aplicado e entender a essência das negociações. Esse é um rito que raramente se cumpre em terras brasileiras.

Outro fator crucial, no respeito ao dinheiro do povo, atrela-se o caráter do que foi divulgado. São inúmeros os bons trabalhos de marketing úteis às comunidades. Além de informações pontuais (interrupção de água, energia, fechamento de ruas etc.), existem campanhas de conscientização nas áreas de saúde, educação, trânsito, coleta de lixo entre outras que, sendo bem elaboradas, podem contribuir até para reduzir as despesas e elevar a qualidade de vida. É triste constatar que raramente, principalmente em Goiás, os projetos atendem essa progressista visão.

Um item de extrema importância é a natureza dos veículos envolvidos nas dotações orçamentárias. Esse tópico é de uma complexidade ímpar e acaba sendo o maior calvário de quem deseja acertar. Não só as pressões dos poderosos são gigantescas, como é difícil estabelecer quais os veículos podem ser excluídos num cobertor sempre curto para atender todos os que clamam. É justamente nesse delicado pântano que ouso um desafio ao governador Marconi Perillo.

Mesmo entre o emaranhado de tabelas de audiência, poder de fogo, artimanhas e múltiplas armadilhas, creio que é possível uma medida simples capaz de incrementar o chamado “propósito estatal do bem comum”. Considerando que o maior cliente no mercado é o governo e que conglomerados enriquecem no baile das verbas públicas, somente aqueles a disponibilizar de graça, via internet, suas informações ao povão podem usufruir da dinheirama aplicada. Simples não? Lógico e justo.

Essa medida justificaria o contrato milionário da publicidade. Seria uma forma de cooperar para incrementar a leitura e oferecer alternativas de informação. Teria impacto negativo nas finanças da empresas. Pode ser. Mas não deixaria de viabilizar um negócio com rentabilidade já comprovada. O Diário da Manhã é uma prova de que isso é possível. Não considero justo, e até considero pouco ético, que os veículos possam sugar dos cofres públicos sem uma contrapartida às massas. Se a ousada proposta se viabilizar, duvido que alguém vai recusar uma fatia do bolo para continuar impedindo acesso gratuito ao cidadão.

É uma ideia tão básica, de uma lógica claríssima, mas de uma ousadia que pode encontrar resistências. Contudo, vale a pena enfrentar os gananciosos que desejam faturar tudo e oferecer apenas migalhas. Que sejam desmascarados. Passou da hora de inverter a equação “venha a nós o vosso reino” e para o Zé Povinho nada.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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