Desde que os administradores do acovardado gigante brasileiro, em uma visão míope e subalterna, investiram no transporte por veículos automotores, em detrimento dos trens, ninguém pode mais dormir sossegado nessa mixórdia ao sul do equador. Todos os dias pagamos caro por um colossal erro que se perpetua em todos os governos tupiniquins.
Na casca, e apenas porque a retórica pega bem nos palanques, os políticos alardeiam uma sincera preocupação com o transporte de massa. Uma balela que só convence os ignorantes, incluindo entre eles uma babel de universitários, que apenas conseguiram um canudo e não aprenderam coisa alguma. Os governantes sabem que é mais interessante manter o sistema que garante um cretino no volante ou no guidom de milhões de motocicletas.
Nenhum outro projeto seria capaz de garantir um escravismo moderno tão eficiente e rentável. Primeiro que o proprietário do turbinado amarga o mais absurdo valor de compra praticado no planeta. Nenhum País do mundo enrasca cerca de 52% de impostos em um veículo movido a petróleo. Na aquisição do possante, se atrela uma inimaginável cadeia de roubalheira.
As companhias de seguro, que também alimentam a insaciável carga tributária do governo, quase se nivelam aos ladrões, visto que o valor das apólices deixam a sensação do grito: “Isto é um assalto.” Na cadeia da bandalheira explicita, somos castigados com valores abusivos na documentação, na renovação da carteira de motorista e nas ideias cada vez mais criativas para sugar dinheiro dos bestas.
Acuados, e capazes de arcar com toda carga de infortúnios para fugir do holocausto que se transformou o transporte coletivo, aceitamos até o que não faz sentido. Ao pagar os impostos – IPVA e outros penduricalhos – teoricamente estaríamos garantindo o direito de acelerar em estradas que, no mínimo, poderiam garantir a segurança ao condutor. Ledo engano, das duas uma: ou as rodovias ficam na base de um lúgubre queijo suíço feito de massa asfáltica de arremedo, ou nos enfiam um pedágio goela abaixo. Chega a ser asqueroso esse ridículo que se impõe ao contribuinte brasileiro. O pior de toda essa cadeia de enganações e explorações ardilosamente arquitetadas – estou certo de que me esqueci de alguma maracutaia – ainda persiste a total falta de respeito aos que pagam pelo direito de ir e vir do trabalho com dignidade.
Primeiro que não existe planejamento sendo que ruas, estradas e avenidas se transformam em filial do inferno na hora do rush. Sequer a gasolina, com valores acima de nações que não produzem uma gota de petróleo, é fiscalizada a contento e somos vítimas de gasolina adulterada e de fórmulas que o governo inventa, ora para atender os usineiros, ora para agradar questões umbilicais. Pois é. Com tudo isso, não se iluda, todo proprietário de automóvel é um cretino. O de uma motocicleta é um louco. Se optar por uma bicicleta, se transforma em suicida em potencial. Tem remédio? Tem. Construir uma rede de trens e metrôs eficientes.
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