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Somos um bando de porcos ignorantes

     É fácil jogar pedras nos políticos que se perpetuam como eterna vidraça das mazelas tupiniquins. De fato eles conseguem aglutinar a maior casta de cretinos por metro quadrado na mixórdia brasileira. Mas é sempre bom lembrar que surgem, e são eleitos, do berço esplêndido que forma a sociedade em que vivemos. São todos frutos de um pomar, em que a podridão de costumes se ergue como regra e não exceção.

     Vamos tomar como exemplo, para citar um aspecto que faz um elo com tantos outros na babel de imoralidades, o nosso eterno descaso com o lixo cotidiano. No atacado, e em todas as classes sociais, somos um bando de porcos que chafurdam na ignorância. Ainda hoje, no afogar do ano de 2014, somos capazes de jogar lixo pela janela do veículo, como se o mundo fosse uma latrina que não diz respeito a seus habitantes.

    Não existe o menor critério de civilização ou educação básica, ressaltadas nos destinos dos entulhos. As feiras livres terminam sem que os usuários da via pública tenham a dignidade de recolher, ou acondicionar, parte da sua própria sujeira. Mesmo em tempo de chuva, ainda acomodamos a bagaceira que vai entupir as bocas de lobo.

    Em algumas cidades com melhor consciência de cidadania, sobretudo no Rio Grande do Sul, se economiza até 40%  na coleta de lixo em comparação com os sujos do cerrado. É isso mesmo. Se a realidade dói, nos resta mudar o que se constata a céu aberto.

   Aqui em Goiânia, e na maioria das cidades do interior, o sujeito joga toda a sorte de detritos onde lhe der na telha, a não ser que tenha uma fiscalização 24 horas por dia. Na região noroeste, acompanho há décadas a árdua tarefa da Comurg, solicitando que não se jogue entulho ou lixo em locais inapropriados. Já fizeram de tudo, realizaram campanhas de casa em casa, a organização Verde Vale colocou placas e nada adiantou. Os imbecis da imundice se escondem na madrugada, para despejar bagulhos que prejudicam toda a comunidade, atraindo ratos e mosquitos da dengue.

     Depois lamentam que seus filhos adoeçam e que sofram com as mazelas prejudiciais à saúde. A nossa luta é contra a ignorância. Uma espécie de árvore maldita com raízes históricas, as origens remontam ao tempo em que os nobres portugueses jogavam penicos cheios de bosta de suas carruagens em movimento. Hoje fazemos a mesma insanidade utilizando turbinados, com o acréscimo de carretas capazes de dobrar o volume da merda a ser espalhada pela cidade.

      Conclusão: não é só o político corrupto que drena os recursos da insaciável carga tributária brasileira – essa que é de longe a mais injusta e mal aplicada do planeta – somos todos nós que teimamos em não reconhecer princípios básicos de respeito ao dinheiro público.

    Somente uma base sólida na educação fundamental pode mudar essa vergonhosa mentalidade. Infelizmente, os deuses que se encastelam no poder não desejam essa mudança. Controlar ignorantes é uma tarefa mais fácil. Que se dane o fato de que eles retroalimentam uma espécie de chiqueiro social.

twitter: @rosenwalf

facebook/jornalistarosenwal

www.rosenwalferreira.com.br

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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