Como se não bastasse a baixa umidade do ar, que sacrifica os pulmões do brasiliense transformando a capital do País em sucursal do inferno, um sufoco extra invade as entranhas do poder tirando o fôlego de quem atua no governo. Na Esplanada dos Ministérios impera a incerteza, o abandono e descrença em dias melhores. Os funcionários cochicham nos corredores como se, no minuto seguinte, alguém do alto ou médio escalão pudesse ser algemado e escoltado pela Polícia Federal.
E não é para menos, poucos duvidam que as ramificações da “operação Lava Jato” deixem de atingir o primeiro andar na administração petista. Até a prisão do Senador Delcídio Amaral, poucos acreditavam que Lula e Dilma Rousseff pudessem ser envolvidos. Tudo corria bem na blindagem segura e profissional capaz de evitar o enrosco dos ícones do PT. O que ninguém imaginava é que o fogo pudesse se alastrar comprometendo até a caixa d’água.
O sinal vermelho se acendeu com o grisalho Senador amargando cadeia, ministros aliados do PT no STF em clima de azedume, mostrando com atos e palavras que não pretendem se expor para defender o partido de Lula, e a dura constatação de que o todo o núcleo de amigos íntimos do ex- presidente estão no xilindró.
Em polvorosa, os amigos do rei procuram imaginar de onde virá a próxima bomba capaz de implodir o moral do fragilizado petista. André Vargas, Delcídio Amaral, José Dirceu, Ricardo Pessoa, Léo Pinheiro, Luiz Argôlo, José Carlos Bumlai, Marcelo Odebrecht, Renato Duque, Pedro Corrêa, todos eles fazem parte de elos de uma corrente ligada a Luiz Inácio Lula da Silva, o risco é terrível para ele. Qualquer informação mais consistente, com dados que se presumem mas não vieram à tona, podem levar o chefão a ter um encontro com Polícia Federal.
Tudo em Brasília hoje leva ares de uma corrida contra o tempo. Se antes Lula tinha refresco num colchão de bons fluidos que acalmava o povão, neste momento está perdido num deserto ausente de oásis. A inflação é um cavalo desembestado, a economia um paiol de pólvora pronto a explodir, a base aliada se transformou em farinha, o dinheiro para bancar arroubos deixou de fluir, o castelo de cartas da esquerda raivosa na América Latina se esfacela e poucos acreditam em recuperação do País em médio prazo.
Se ele amargar cadeia não será rima nem solução. Mas ninguém acredita mais que as ruas serão tomadas por brasileiros irados, dispostos a defendê-lo até o trincar dos dentes. Mesmo assim, porque seu legado ainda está vivo na memória de muitos e ainda existe o tal exército de Pedro Stédile, o cerco há de se fechar sem nenhuma ponta solta. Se alguém duvida que esse desfecho esteja a caminho é porque não acompanha de perto as investigações da maior operação que Polícia Federal se envolveu.
Evidente que não faz sentido prender Lula se não trancafiar também Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Jader Barbalho e mais uma penca de corruptos costumeiros. Um time de futebol se faz com 11 jogadores de cada lado. Com exceção dele próprio, o plantel de Lula já conta com dez elementos enjaulados. Basta juntar mais 11 que se encontram soltos e todos eles podem, na cadeia, fazer o que sempre fizeram: realizar partidas sensacionais com regras que o próprio grupo inventa para garantir o resultado que lhes interessa. Nesse campeonato, sem prejuízos à nação porque do campo voltam ao xadrez. Que lindo, só de pensar me dá prazer..
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