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Sinal amarelo no Judiciário goiano

Na visão de muitos intelectuais, sambistas, jornalistas e políticos, boa parte dos problemas delicados do País são discutidos para valer nos botecos que oxigenam as cidades. Nestes locais, que raramente frequento, denúncias sobem de tom à medida que o álcool afrouxa as amarras do medo. Nem tudo é digno de crédito. A maior parte dos assuntos são mexericos e coscuvilhice dos invejosos. Mas quando um tema persiste em rodas além da turma da cachaça, o sinal de fumaça pode se transformar em incêndio digno de registro.

Não é de hoje que em Goiás fala-se em membros do Judiciário que ostentam sinais de riqueza incompatíveis, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Nas últimas décadas, as acusações apontam detalhes, no mínimo, intrigantes. Alguns profissionais da área, sempre à boca miúda, confirmam transações aparentemente inexplicáveis. A certeza de algumas testemunhas indica, no mínimo, sinal amarelo.

Evidente que ninguém é besta de bater de frente com um poder com tanta bala na agulha. Acusações sem habilidoso fundamento seria um desastre. Nenhuma dúvida a esse respeito. Outra questão, digna de irretocável registro, é que a maioria dos que atuam na área o faz com a devida seriedade. Leviandade com a instituição não atende os interesses da sociedade.

Entretanto, até em respeito aos que agem com lisura, urge investigar surtos de enriquecimento, negociatas e luxo, que estão sendo capazes de alimentar fofocas tão persistentes. Dizem os mais informados que a Polícia Federal já encontrou furos na canoa. Será? É possível.

Há cerca de 10 meses, lavei as mãos entregando um dossiê à responsabilidade de um zeloso membro do Ministério Público. Confio que a investigação esteja em curso. Entendi que o alarde na imprensa seria menos produtivo. Entretanto, até para não dizerem que sou omisso quando se trata de um círculo que admiro e mantenho amigos, registro esse artigo em tom de alerta.

Mesmo que tudo seja fruto de um misto de imaginação popular e vingança dos que perderam ações, a fofocaria passou dos limites. Seria importante divulgar, de forma clara e oferecendo toda a segurança, canais para que a população possa extravasar o que baila nos salões. Mesmo que exista uma corregedoria ativa e responsável, faltam informações capazes de mostrar como e onde denunciar o xerife.

Deixando como está, ou fingindo que o problema não existe, a inumação pode ser pior. A lentidão da Justiça já é um carma duro de roer; imaginar sânie intratável é ir além do fundo do poço.

Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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