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Salma Saddi e a caixa-preta do Iphan em Goiás

Com os holofotes da mídia nacional direcionados para a quizila do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Salvador, que culminou com a saída do ministro de Cultura, Marcelo Calero, e que, segundo consta, pediu demissão para não ceder às pressões do poderoso Geddel Lima na liberação criminosa de um edifício fora dos padrões em área de supervisão do Instituto, o momento se torna propício para investigar a imbatível Salma Saddi, há mais de treze anos controlando o órgão em Goiás, conhecida em Brasília como “o exército de uma mulher só”.

Os que ousaram questionar suas credenciais, procurando arejar a entidade com novos ares – que o diga Rubens Otoni – saíram da empreitada com uma quente e duas fervendo, ou seja, nem mesmo o PT, com força no poder, abalou o império de Salma Saddi. Sua inquestionável permanência, apenas pela firmeza no cargo, não sugere nada de errado. Claro que não.

Complica quando, nos bastidores, muito reservadamente, os poucos que ousam questionar sua gestão alegam que urge transparência em tópicos que merecem investigação. Alguns dizem que, em diversos níveis, e há décadas, são as mesmas empresas que faturam as ordens de serviço e que, na iniciativa privada, em condições semelhantes, os fornecedores são outros na equação custo-benefício. Chiadeira de quem perde a empreitada? Pode ser. É muito comum.

O que não é nada simples e cheira mal, é o imbróglio que envolve a comunidade de Pirenópolis e a estranha liberação para construir duas torres, com 192 unidades, no Centro Histórico da cidade. Segundo interlocutores que pedem anonimato, o aval da Iphan nessa empreitada deixaria no chinelo o criticismo que envolveu o edifício de luxo que se tentou erguer em Salvador.

Se achar interessante, numa comparação, o empreendimento em Pirenópolis é muito maior. Ademais, a população local  é radicalmente contra o empreendimento, um projeto que atropela os maiores interessados, isto é, os moradores locais.

Qualquer turista que conhece o local, mesmo que seja um amador em análise de impacto ambiental, pode deduzir que a bucólica cidade não comporta tal investimento e que a obra vai implicar em prejuízos incalculáveis. No transito, no visual, na captação excessiva de turistas e no pileque de um previsível porre de especulação imobiliária.

O que Salma Saddi tem a ver com isso? Nada? Tudo? Foi pressionada? A autorização não existe? Tá limpo? São tópicos a serem respondidos, com clareza, até em defesa da profissional, que pode estar sendo vítima de suposições infundadas. Mas não se pode negar o que até as pedras da cidade estão suspeitando: existe gente graúda por trás da solução, que parece ir contra qualquer bom senso.

No mais, indaga-se com razão: Por que Salma Saddi é intocável?  Por que não existe, governo após governo, ninguém mais competente do que ela? Um caso único em que políticos de credos diferentes escolhem o que existe de melhor. Ótimo. Parabéns! O que não pode é continuar existindo a suspeita de que ela guarda segredos e está sendo capaz de oferecer mimos e acatar sugestões, como essa de Pirenópolis, fora do contexto republicano. Se ela estiver sendo vítima de calúnias, este artigo poderá contribuir para um saudável e necessário esclarecimento.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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