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Roubaram a ciclovia do Maurício Beraldo

Nada como o registro histórico para dar a Maurício o que não pertence a José. Explica-se: muito embora a paternidade da ciclovia tenha sido reivindicada por diversos autores que aproveitam para montar em cavalo arriado, foi o vereador Maurício Beraldo, aceitando um desafio feito aos vereadores da Câmara Municipal de Goiânia em meu programa diário, na época apresentado na Rádio Interativa FM, que se entusiasmou realizando um qualificado projeto do uso de bicicletas na Capital.

Há muitos carnavais, Beraldo esteve pessoalmente no meu escritório, na Praça do Cruzeiro, checando alguns detalhes sobre o assunto e se inteirando dos pormenores do que eu havia selecionado. Alguns meses depois realizamos um programa na TV (no já tradicional Opinião em Debate) que tenho documentado, falando especificamente sobre o tema. Na ocasião, como forma de atrair a atenção dos telespectadores, convidamos cientistas locais que apresentaram versões de bicicletas elétricas e motorizadas, produzidas em Goiás.

Procurando dar bom exemplo comprei uma delas e, mesmo tendo um excelente veículo na garagem, passei a ir ao trabalho acelerando a maquineta que exigia boas pedaladas na subida da Av. 85. Considerei genial o fato de o veículo fazer mais de 40 quilômetros com um litro de gasosa.

Como a divulgação não remunerava os cofres da emissora, minha boa intenção foi abortada na raiz visto que, na época, não houve interesse em dar sequência ao que idealizei sem nenhuma intenção de lucrar. Amuado, deixei de indicar as tais bikes. Sem apoio, e sem capital para continuar a modestíssima industrialização, a pequena fábrica terminou fechando.

Anos depois me parece claro que a ideia foi habilidosamente aproveitada. Mas não com o propósito inicial. A atual ciclovia é um fantasma que não serve aos trabalhadores. Como peça de marketing é um encanto. Mas, convenhamos, transformou-se num entretenimento, um refresco a mais, para que uma elite possa desfilar exercitando pedaladas.

O que vislumbrei, e que está previsto na iniciativa da Câmara, é um trajeto a ser utilizado pelos operários. Algo capaz de oferecer segurança a quem deseja diminuir despesas no transporte e uma real alternativa para deixar o turbinado na garagem.

Considero aceitável a apropriação de um plano sem mencionar ou dar crédito à sua origem. Afinal de contas sou um concorrente na Rede Sucesso FM, 98,3, das 12 às 13h, com uma equipe de 18 profissionais qualificados, testemunhas dos episódios narrados. Lamentável é a deturpação de algo idealizado com seriedade.

É fundamental esclarecer que esse artigo foi escrito em deferência ao vereador Maurício Beraldo, político que já critiquei duramente e que solicitou a correção. Seus argumentos, principalmente o de que o público esquece, mas cabe à imprensa lembrar, me convenceram a realizar um respeitoso registro.

O pronunciamento de Maurício Beraldo realizado na tribuna ontem explica todos os detalhes da Lei Complementar nº 169, de 15 de fevereiro de 2007. Portanto, muito antes da empreitada ciclística com perfume importado, realizada nos finais de semana, para o divertimento de quem pode visitar a Disney nos Estados Unidos.

Copiar iniciativas, adornando-as com um enfeite diferente para dar um ar de originalidade, é algo comum no cerrado goiano. Muitos consideram a prática como normalidade que não fere a ética. O Diário da Manhã foi imitado em muitas de suas iniciativas pioneiras. Fazer o quê? Normalmente é melhor esquecer. No caso em questão, o vereador Maurício Beraldo mostra o DNA exigindo o que lhe pertence. Seria covardia negar-lhe esse direito. Principalmente sendo protagonista principal de uma ação importante em sua carreira política.

Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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