Acredite ou não, ainda existem pessoas que creem na existência de lobisomem. Em algumas comunidades, adultos capazes de enfrentar onça na unha preferem se trancar em casa na sexta-feira de lua cheia. Afinal de contas, a besta-fera meio homem, meio lobo, só pode ser abatida com uma bala de prata no centro do coração. Haja pontaria para acertar um diabo uivando, babando raiva, disposto a trucidar sua vítima pulando na jugular com dentes afiados, com um tiro certeiro num ponto exato da cavidade torácica. Deus nos livre, o bom senso indica ficar embaixo dos lençóis.
Pois sim, tem muita gente boa, incluindo economistas de safra inteligente, acreditando que a atual crise faz parte de um zoológico diferente. Uma espécie de animal que dá coices inusitados, diferente do que já acostumamos a enfrentar. Os que já sofreram, e venceram, graves destemperos na economia nacional, sabem que essa onda, embora seja uma maré que não está para peixe, tem similaridades com outras agruras que pareciam o fim do mundo.
Ao ler certas publicações, que não exageram, mas fazem fluir apenas a borra imprestável, tem-se a nítida impressão que, em poucos meses, será o caos. Os shoppings centers vão fechar, as padarias deixarão de vender o pão, supermercados serão saqueados e até quem não está disposto terá que ir ao trabalho com o velocípede tomado dos filhos. Bobagem.
Assim como aconteceu no tempo de Sarney, que entre outras bizarrices mandou caçar vacas nos pastos, ou nos delírios de Fernando Collor que ordenou confiscar a poupança, quem trabalha firme continuou faturando e pagando as contas. É simples assim.
Evidente que os incautos, sempre eles, foram à lona remoendo dificuldades até para comprar o leite das crianças. São pessoas que topam viver acima de suas posses e, no tempo das vacas gordas, sequer guardam um naco de toucinho para momentos que não existe pasto. Com ou sem problemas na gangorra da economia, acabam se dando mal por um motivo ou outro.
Quem se pauta pelo equilíbrio, prevendo dificuldades e economizando o necessário, vence o ciclo das incertezas com relativa tranquilidade. Isso vale para quem? Só para os que possuem gordurinhas para queimar? Nada disso. A equação que exige bom senso atinge todos os patamares da pirâmide social. Tanto que empresas de grande porte, cujos proprietários chegaram a faturar milhões de reais mensalmente, acabam falindo ao menor despontar de problemas. Pessoas de salário modesto, que sabem cortar despesas necessárias, conseguem manter seu padrão de vida praticamente inalterado.
Moral da história: esteja atento às dificuldades que despontam no horizonte. Mas não se deixe abater, não desanime ao ponto de se trancar a sete chaves. Seja ousado, continue acreditando, dobre o suor nas atividades e aposte no futuro. Algumas portas vão fechar, outras abrirão, o bicho pode até ser de sete cabeças mas todas podem ser cortadas com habilidade. Estamos vivendo uma longa sexta-feira 13, de lua cheia, com lobos uivando ao nosso redor. Mas, acredite, não se trata de nenhum lobisomem. Quem viveu o suficiente, entre os quais eu me incluo, sabe que, no final, a cervejinha no bar termina garantida. Por falar em cerveja, dizem que a Brahma está em alta. Se tem alguma coisa a ver com crises, é algo que merece um outro artigo.
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