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Preço dos combustíveis aumenta e já impacta no bolso do consumidor goianiense

Por Ítallo Antkiewicz

Após novo aumento, o litro da gasolina já é encontrado a R$ 7,27 em Goiânia. Em escala menor, o etanol também acompanha a disparada e é vendido a R$ 4,94 na Capital. A escalada do preço dos combustíveis pesa no bolso não só de quem tem veículo automotivo, mas no preço dos produtos alimentícios e outros.

O economista Luiz Carlos Ongaratto explica que a alta dos combustíveis interfere diretamente nos custos de logística das empresas. “Com a disparada de preços dos combustíveis, a tendência é que o comerciante repasse o aumento no preço final do seu produto, de modo a não ver reduzida a sua margem de lucratividade”.

Os reajustes feitos nos preços da gasolina devem interferir também no índice de inflação. O economista esclarece que o aumento do valor modifica toda a nossa cadeia produtiva. “Por isso os altos preços também do arroz, do feijão, da carne, do gás. Pois todo o transporte desses insumos depende do transporte rodoviário, e enquanto o combustível estiver com esses valores absurdos, consequentemente todo os insumos também estarão”, explica.

A escalada do preço dos combustíveis já vem interferindo no preço dos alimentos e as donas de casa sentem no bolso. Daniella Borges, de 45 anos, há pouco mais de dois meses tem notado a elevação nos preços dos alimentos. “Na minha mesa não falta tomate e tenho percebido que está cada vez mais caro. Itens como o feijão, açúcar, carne e frango também estão com o preço elevado. Tenho que fazer substituições de alimentos, porque com o preço que está não estou dando conta”, declarou.

Os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis pesou no orçamento familiar da estudante de gastronomia Priscila Silva, de 30 anos. Eles têm carro, mas aderiram ao transporte coletivo há seis meses por conta do alto custo para encher o tanque de gasolina. “Ando de ônibus, apesar de o transporte não ser de qualidade. Mas, é mais acessível do que andar de carro, devido ao preço dos combustíveis”, conta.

Efeito da guerra

Segundo o economista Luiz Carlos Ongaratto, esse novo aumento decorre das tensões da guerra entre Rússia e Ucrânia, há uma expectativa em parar de comprar petróleo russo. “Consequentemente por haver poucos países produtores de petróleo, e o  mercado ficando desabastecido, há um aumento significativo no preço nesse atual momento, totalizando uma proporção muito grande”, afirma

O Sindicato do Comércio Varejista e Derivados de Petróleo em Goiás (Sindiposto-GO) reforça a tese do economista de que a guerra na Ucrânia tem ligação com os novos preços. A entidade alerta que o valor pode subir ainda mais nos próximos dias em razão do aumento anunciado pela Petrobras.

Márcio Andrade, presidente do Sindiposto, afirma que não é possível informar o percentual de reajuste, já que cada distribuidora e posto tem praticado seus próprios preços. Segundo ele, a alta ocorre porque muitas distribuidoras importam o produto, que subiu de preço, principalmente por conta da guerra na Ucrânia. Ele ressalta que, atualmente, a Petrobras vende em torno de 80% do volume comercializado no Brasil. Os outros 20% são importados.

“Acontece que o produto importado tem sofrido reajustes em razão dos conflitos internacionais e as distribuidoras já estão repassando isso aos postos. A consequência direta é o aumento nas bombas”, afirma Márcio Andrade.

Na última segunda-feira (7), o preço do petróleo chegou a quase US$ 140 nos mercados internacionais. A Rússia é o principal exportador mundial de petróleo e produtos petrolíferos combinados, e detém 7% do fornecimento global. Embora o petróleo e o gás russos não estejam diretamente afetados pelas sanções durante o conflito com a Ucrânia, no momento praticamente não encontram compradores, o que afeta gravemente a oferta mundial.

Preço da gasolina em Goiânia pode ficar mais alto nos próximos dias

Márcio Andrade pontua que o atual reajuste não tem relação com a Petrobras. Ele lembra que, neste ano, a empresa anunciou um único aumento em 11 de janeiro. “De lá para cá não houve nenhum reajuste”, disse.

A expectativa, porém, não é animadora. “O mercado trabalha com a expectativa de reajuste por parte da Petrobras, uma vez que o preço do mercado internacional está maior do que o preço interno”, explicou.

Ontem (10), a empresa anunciou que fará reajuste de 18,77% no valor da gasolina nas refinarias. O combustível passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 o litro. Já o diesel passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro (24,9%).

Fiscalização

Diante desses aumentos, o gerente de fiscalização do Procon Goiás, Antonísio Teixeira, explica que o órgão de defesa do consumidor fica ainda mais em alerta. “Se percebermos que há exagero, vamos fiscalizar. Sempre quando dispara a gente intensifica o trabalho para saber se existe margem de lucro abusiva.”

Na última terça-feira (08), depois de denúncia, foi interditada a bomba de um posto do Centro da capital por venda de gasolina adulterada. Outra irregularidade para a qual há atenção. “Visualmente é impossível o consumidor perceber. O jeito de saber é quando logo depois de abastecer o carro dá problema.”

Os fiscais constataram teor de 54% de substância ainda não identificada na gasolina, sendo que o teor deveria ser de 27% para mistura de etanol anidro. O posto foi autuado e a bomba lacrada até regularização. A multa para esse tipo de situação, a depender também do faturamento da empresa, é de até R$ 11,3 milhões.

Outra irregularidade foi encontrada no cartaz para a divulgação dos valores dos combustíveis no local. A diferença de preços em percentual entre gasolina e etanol mostrava o segundo como o mais competitivo, quando na verdade não era. “Isso induz ao erro e há divergência ainda entre nota fiscal com a informação na bomba”, acrescenta.

Sobre esse caso, o presidente do Sindiposto afirmou que a entidade é a favor da fiscalização e de punição quando constatada irregularidade, bem como defende a ampla defesa.

No final das contas

Fonte do ministério da Economia aponta que o aumento de 90 centavos no preço do litro do diesel, anunciado ontem (10) pela Petrobrás, poderá ser aliviado em até 60 centavos com a aprovação da mudança na tributação do ICMS sobre os combustíveis.

O consumidor final deve sentir o impacto dessa medida pela metade e o preço nas bombas poderia ser reduzido em 30 centavos. A proposta do Senado busca mudar a cobrança do ICMS de combustíveis com o estabelecimento de um preço fixo do tributo por litro e não mais um percentual pelo valor médio, além da desoneração temporária de PIS/Cofins até dezembro.

O HOJE

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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