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Porque o STF poupou Renan, o rei da podridão.

Ao que consta, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori  Zavascki, foi corajoso e decidiu, sem o apoio antecipado de seus pares, deflagrar uma operação que culminou em busca e apreensão na residência do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e meia dúzia de poderosos do PMDB, acostumados a frequentar o andar de cima do poder.

Avisado por um atento segurança particular, Cunha ainda conseguiu tempo de vestir um elegante pijama de seda para atender os agentes da Polícia Federal. O restante dos visados, Celso Pansera, Ministro da Ciência e Tecnologia, Henrique Eduardo Alves, Ministro de Turismo, Senador Edison Lobão, Deputado Aníbal Gomes e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, tiveram que se virar nos trinta para não atender os agentes de calças arriadas.

Um feito notável de Teori Zavascki, que certamente entra para a história na caça aos corruptos. O repto só não foi perfeito porque o discreto Ministro amarelou ao ver o nome do Senador Renan Calheiros. Bem que o procurador Rodrigo Janot tentou fazer buscas e apreensões na casa do Presidente do Senado, mas o pedido não foi deferido pelo representante do STF.

As razões podem se explicar invocando uma pérola do petista José Genoino: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.” Eduardo Cunha, assim como os companheiros do atual balaio de investigados, já estava no rol das cartas fora do baralho. Mesmo bancando rompantes típicos dos cães que ladram ao redor do pneu dos automóveis, e nada podem fazer quando o veículo freia.  Cunha hoje é um zumbi a espera de uma cova aberta para ser enterrado. Já era. Os “primos” de bandalheira nada representam no aquário dos tubarões.

Renan Calheiros é outra coisa. Mestre nas artimanhas da depravação, acostumado a surfar na podridão encastelada em Brasília, é capaz de explodir numa fúria de proporções imprevisíveis. Ele é uma figura chave que segura as rédeas do que resta de apoio do PMDB. Sem Renan, Dilma e o PT, que já possuem pouco, chegariam a 2016 sem nada.

Ao ver o nome de uma figura tão emblemática, num momento em que o circo arde em chamas e com poucos bombeiros à disposição, Teori deve ter ajeitado os óculos, respirado fundo, tomado algumas colheradas de caldo de galinha e deixou para depois. Ninguém é de ferro.

Mais uma vez, pelas circunstâncias especiais, o mestre no escapismo salvou-se. Saberá aproveitar a oportunidade? Evidente que sim. Calheiros, para quem não se lembra, saiu pela porta dos fundos, derrotado e humilhado nacionalmente, pediu o boné renunciando ao cargo e pouco tempo depois retornou como Presidente do Senado. Não é uma façanha para amadores.

Se continuar poupado se afastando do epicentro do furacão, será dócil e grato a quem lhe garantir os mimos do cargo. Ao deduzir que o probo Ministro não quis aumentar o teor explosivo que envolve o possível impeachment de Dilma, tenho como base informações confiáveis garantindo que investigar a residência de Renan tinha um embasamento semelhante ao que justificou os demais atos.

Evidente que é necessário respeitar a decisão pessoal do Ministro Teori Zavascki. A prerrogativa é dele. Acuar um tigre com a desenvoltura de Calheiros requer doses extras de sonífero. O que ele sabe, vivenciou e tem guardado a sete chaves é assustador. Explodir tudo nem sempre é a melhor solução. Existe tempo para tudo. Tomara que sim. Pois o tempo de Renan Calheiros está demorando a chegar.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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