O socorro prestado à jovem Kathlen Romeu, morta com um bebê de quatro meses na barriga aos 24 anos de idade no Rio, é motivo de divergência entre policiais militares e a família da jovem.
A PM afirma que houve confronto e os agentes viram uma pessoa caída depois de ouvir uma gritaria.
“De imediato, a guarnição identificou a situação e prestou socorro a vítima levando-a para o Hospital Salgado Filho, sendo a guarnição informada que a mesma não resistiu aos ferimentos vindo a óbito”, narrou o comandante da UPP Jeanderson Correa.
A família afirma que não houve confronto e que Kathlen foi morta pela polícia. A avó Sayonara Fátima diz que a neta só foi levada após muita insistência.
“Eles não queriam nem que ela entrasse no carro. Eu falei: ‘Me leva, nem que for na caçamba’, mas eles conseguiram levar'”, diz ela. “Eles socorreram porque eu gritei”, resume.
A jovem chegou morta ao hospital. Ela e a avó estavam em um dos acessos a comunidade do Complexo do Lins, de onde tinha se mudado há um mês por medo da violência, quando começaram os disparos.
“Minha neta estava morrendo de saudades de mim e eu falando pra ela: ‘Não vem aqui, não vem porque você pode, uma hora, tá passando, sair um tiro e você perder sua criança'”, relatou Sayonara.
Jaqueline de Oliveira Lopes, mãe de Kathlen, também desabafou.
“Avisa ao major Blaz (porta-voz da PM) que esta historinha que é contada há anos na televisão que foi troca de tiros, que a polícia foi recebida a tiros. Quem foi recebida a tiros foi a minha filha. Eu fui informada por todos de que não foi troca de tiros. “, afirmou Jaqueline.
PMs deram 7 tiros de fuzil
Policiais que participaram da ação afirmaram ter dado sete tiros de fuzil. Ao todo, 21 armas de policiais foram apreendidas.
A Polícia Civil investiga o caso e tenta descobrir de onde partiu o disparo, mas já sabe que uma bala de fuzil cortou o tórax de Kathlen.
De acordo com a mãe da jovem, que estava grávida, sua filha foi morta por um policial militar.
“Foi a polícia que matou a minha filha. Foi a PM que tirou a minha vida, o meu sonho”, disse Jaqueline de Oliveira Lopes.
A polícia nega. De acordo com a versão dos militares, uma guarnição da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) com quatro PMs foi atacada por bandidos e revidou.
À Polícia Civil, o cabo Marcos Felipe da Silva Salviano disse ter disparado cinco vezes de fuzil e que seu colega cabo Rodrigo Correia de Frias atirou outras duas vezes.
As informações constam em dados da ocorrência da própria PM e no depoimento na delegacia. Cabo Salviano afirma que outras equipes da UPP também estavam em patrulhamento tentando cercar os criminosos, mas não soube informar se os outros policiais também dispararam.
A Polícia Civil afirma que PMs recolheram, do local do crime, munição e estojos de cápsulas deflagradas na favela, o que prejudicou o trabalho da perícia.
As munições apresentadas na delegacia estavam intactas.
Fonte Terra
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