O Instituto Locomotiva fez uma pesquisa a respeito das percepções sobre a violência e o assédio contra mulheres no trabalho. O objetivo do projeto é fomentar o debate sobre as situações de violência e assédio vivenciadas pelas mulheres nesse ambiente.
O levantamento foi realizado por meio de uma pesquisa online entre os dias 7 e 20 de outubro de 2020, com 1500 pessoas sendo 1000 mulheres e 500 homens, de várias regiões do país, com 18 anos ou mais. A margem de erro é de 2,9 p.p.
O resultado mostra que 49% das mulheres e 70% dos homens estão ocupados em um trabalho remunerado. Enquanto o significado do trabalho para as mulheres está relacionado principalmente a questões financeiras, como sustento e independência, a maioria dos homens veem trabalho como realização pessoal e crescimento
Para 7 em cada 10 pessoas, as vítimas de violência doméstica têm um desempenho pior no trabalho; e o problema está por perto: mais da metade desconfia de que uma colega seja vítima
O levantamento mostra que 69% concordam que pessoas que sofrem de violência doméstica têm um pior desempenho no trabalho; 13% nem concorda, nem discorda e 18% discorda.
62% relataram concordar com a declaração de que se sente desconfortável quando alguém me conta que sofre violência doméstica; 14% nem concorda, nem discorda e 24% discorda.
53% concordam com a seguinte afirmação: nos ambientes onde circulo (família, amigos, igreja, cursos) há pessoas que eu desconfio que sofrem violência doméstica; 19% nem concorda, nem discorda e 28% discorda
No ambiente de trabalho, algumas práticas relacionadas a características físicas das trabalhadoras são, muitas vezes, naturalizadas. Para a maioria, aparência física deve ser observada na contratação e, para metade, não há nada errado em homens elogiarem a aparência de mulheres.
Para 92% dos entrevistados, mulheres sofrem mais situações de constrangimento e assédio no ambiente de trabalho que os homens. Para outros, 4% isso não é verdade e 4% afirmam não saber.
Entre as mulheres que trabalham / já trabalharam, 36% já passaram por essas situações por serem mulheres: 27% sofreram constrangimento, preconceito ou discriminação 22% sofreram violência, abuso ou assédio (moral ou sexual).
De acordo com a pesquisa, a maior parte das vítimas tratou o caso no âmbito individual. Em apenas 34% dos casos denunciados, a empresa ouviu o relato e puniu o agressor
Entre as conclusões do trabalho, está a de que além de uma série de desafios vivenciados para conseguir trabalhar, as mulheres precisam lidar com uma realidade cotidiana no trabalho pelo fato de serem mulheres: constrangimentos e assédio moral e sexual.
“Corriqueiras, as situações são muitas vezes naturalizadas pelas mulheres, que nem sempre se percebem vítimas de uma violência de gênero. A sensação de que a denúncia dessas situações não surtirá efeito ou o medo da demissão acabam, muitas vezes, silenciando essas mulheres, que precisam, então, buscar soluções individuais para essas situações”, considera o Instituto Locomotiva.
Por fim, reitera-se que há consenso sobre importância de ações das empresas para informar e sensibilizar e dar apoio às vítimas, como a promoção de palestras e campanhas e a implementação de recursos, como canais de denúncia.
fonte: Jornal Opção
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