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Os larápios da madrugada

“Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor. Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho, um riacho de amor. Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo, que eu sou professor.”  Assim diz o trecho de uma deliciosa música do velho Chico Buarque de Holanda, muito apropriada ao momento atual, em que congressistas urdiram uma farsa em torno de leis que, a pedido de milhões de brasileiros, pretendiam avançar no combate à corrupção.

Às sombras, aproveitando a madrugada, como larápios que invadem residências, os parlamentares agiram como gângsters em defesa de interesses umbilicais. Quanta sordidez, sem nenhum escrúpulo, no ato de destruir uma iniciativa produtiva, criando um monstrengo sem nenhum proveito.

Para essa gente, de múltiplos partidos e tendências, o eleitor é uma espécie de vaca de presépio que mal serve para abanar o rabo. Somos tratados à base do escracho, como se fôssemos escravos, com o único propósito de lhes garantir altos salários, pagar impostos no limite do confisco e carimbar uma pseudodemocracia capaz de lhes aplacar a consciência.

Quando a matéria é esculacho, são todos mestres com PhD em décadas de malandragem. Apostam, sempre e cada vez mais no abuso inimaginável, que seus pecados serão perdoados na prescrição conivente do Supremo Tribunal Federal e, se necessário for, com artimanhas capazes de intimidar o Judiciário atuante.

Uma verdadeira confraria protegida por um sistema que dá nojo e parece invencível. Quando surgem vozes a discordar da impunidade e exigir providências, muito simples: basta criar uma lei com texto difuso, aplicação efêmera, eficiente na intimidação, e estamos conversados. Será sempre assim? Pode ser que não!!

Tudo vai depender da reação do povo, e de quem ainda mantém o juízo, agilizando uma reação à altura da afronta. É uma batalha desigual e injusta mas terá que ser enfrentada. É fato que uma esmagadora massa de trabalhadores não pode se dar ao luxo de parar suas atividades e ficar de plantão nas ruas. Estamos na luta diária, suando duro para arcar com as sinecuras e mimos de uma casta que suga os cofres públicos. Mas chegou o momento de um estilo diferente de sacrifício. Algo que possa realmente dar o recado que teimam em não entender: estamos exaustos com as manobras sorrateiras para que tudo continue como sempre. Chega! Os senhores foram longe demais!

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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